Os tempos que vivemos de justa indignação, raiva e revolta também vão bons para todos os quiserem cavalgar a aspiração de mudança agitando meia dúzia de ideias simples, em rigor simplistas, com a vantagem de indirectamente apresentar como empecilhos ou sectários todos os que não estiverem dispostos a sacrificar a verdade, o rigor e a seriedade políticos.
Sem me deter em considerações sobre cada uma das ideias, no Público de hoje Rui Tavares oferece de borla a receita para a alternativa : primeiro, que «os partidos da oposição devem declarar-se preparados para substituir o governo»; segundo «os partidos da oposição devem concordar em em encontrar-se e falar»; terceiro que «os partidos da oposição devem construir a alternativa em público e, acima de tudo com o público » e «devem aceitar integrar-se numa sociedade mobilizada de que eles já não são a vanguarda» [embora, suponho eu, não haja alternativa sem os seus votos e os seus deputados e uma plural maioria parlamentar !].
Pelo meio, Rui Tavares faz referência a uma expressão muito em voga em certas áreas e pessoas que é «uma plataforma mínima de entendimento».
Por mim, confesso que nunca percebi este «mínima» e desconfio que este adjectivo é aqui aplicado para nela não caber a rejeição e revogação de tantas e tantas coisas cruciais com que o PS está comprometido (das alterações da legislação de trabalho ao Tratado Orçamental, etc,etc.).
Depois, digo eu, é mais que certo, que hipoteticamente uma vez alcançada «uma plataforma mínima de entendimento» e hipotéticamente formado um governo em condições de por ela se guiar, de cada vez que entrassem pela janela todas ou parte das coisas que muitos sempre combatemos de raiz, teríamos a seguinte cena: muitos dos que agora tanto clamam genericamente pelo entendimento seriam dos primeiros a reclamar o rompimento desse entendimento.
P.S.: Embora desta vez R.T. não o faça, informo que, mesmo depois de a voz me doer, continuarei a combater a viciosa dicotomia e contraposição entre «cidadãos» e «partidos», lembrando sempre que os partidos são a expressão organizada da livre e voluntária associação de cidadãos unidos por um comum ideário e projecto políticos.
P.S.: Embora desta vez R.T. não o faça, informo que, mesmo depois de a voz me doer, continuarei a combater a viciosa dicotomia e contraposição entre «cidadãos» e «partidos», lembrando sempre que os partidos são a expressão organizada da livre e voluntária associação de cidadãos unidos por um comum ideário e projecto políticos.