nestes dias de brasa
12 setembro 2012
Alternativa
Tavares dá a receita
Os tempos que vivemos de justa indignação, raiva e revolta também vão bons para todos os quiserem cavalgar a aspiração de mudança agitando meia dúzia de ideias simples, em rigor simplistas, com a vantagem de indirectamente apresentar como empecilhos ou sectários todos os que não estiverem dispostos a sacrificar a verdade, o rigor e a seriedade políticos.
Sem me deter em considerações sobre cada uma das ideias, no Público de hoje Rui Tavares oferece de borla a receita para a alternativa : primeiro, que «os partidos da oposição devem declarar-se preparados para substituir o governo»; segundo «os partidos da oposição devem concordar em em encontrar-se e falar»; terceiro que «os partidos da oposição devem construir a alternativa em público e, acima de tudo com o público » e «devem aceitar integrar-se numa sociedade mobilizada de que eles já não são a vanguarda» [embora, suponho eu, não haja alternativa sem os seus votos e os seus deputados e uma plural maioria parlamentar !].
Pelo meio, Rui Tavares faz referência a uma expressão muito em voga em certas áreas e pessoas que é «uma plataforma mínima de entendimento».
Por mim, confesso que nunca percebi este «mínima» e desconfio que este adjectivo é aqui aplicado para nela não caber a rejeição e revogação de tantas e tantas coisas cruciais com que o PS está comprometido (das alterações da legislação de trabalho ao Tratado Orçamental, etc,etc.).
Depois, digo eu, é mais que certo, que hipoteticamente uma vez alcançada «uma plataforma mínima de entendimento» e hipotéticamente formado um governo em condições de por ela se guiar, de cada vez que entrassem pela janela todas ou parte das coisas que muitos sempre combatemos de raiz, teríamos a seguinte cena: muitos dos que agora tanto clamam genericamente pelo entendimento seriam dos primeiros a reclamar o rompimento desse entendimento.
P.S.: Embora desta vez R.T. não o faça, informo que, mesmo depois de a voz me doer, continuarei a combater a viciosa dicotomia e contraposição entre «cidadãos» e «partidos», lembrando sempre que os partidos são a expressão organizada da livre e voluntária associação de cidadãos unidos por um comum ideário e projecto políticos.
P.S.: Embora desta vez R.T. não o faça, informo que, mesmo depois de a voz me doer, continuarei a combater a viciosa dicotomia e contraposição entre «cidadãos» e «partidos», lembrando sempre que os partidos são a expressão organizada da livre e voluntária associação de cidadãos unidos por um comum ideário e projecto políticos.
11 setembro 2012
Canções de protesto para os dias que passam (1)
Ideology
When
one voice rules the nation
Just because they're top of the pile
Doesn't
mean their vision is the clearest
The voices of the people
Are fallin' on
deaf ears
Our politicians all become careerists
They must declare
their interests
But not their company cars
Is there more to a seat in
parliament
Than sitting on your arse
And the best of all this bad
bunch
Is shouting to be heard
Above the sound of ideologies
clashing
Outside the patient millions
Who put them into
power
Expect a little more back for their taxes
Like school books, beds in
hospitals
And peace in our bloody time
All they get is old men grinding
axes
Who've built their private fortunes
On the things they can
rely
The courts, the secret handshake
The Stock Exchange and the old
school tie
For God and Queen, and Country
All things they justify
Above
the sound of ideologies clashing
God bless the civil service
The
nations saving grace
While we expect democracy
They're laughin' in our
face
And although our cries get louder
The laughter gets louder
still
Above the sound of ideologies clashing
Above the sound of
ideologies
Above the sound of ideologies
Above the sound of ideologies
clashing
Ideology
When
one voice rules the nation
Just because they're top of the pile
Doesn't
mean their vision is the clearest
The voices of the people
Are fallin' on
deaf ears
Our politicians all become careerists
They must declare
their interests
But not their company cars
Is there more to a seat in
parliament
Than sitting on your arse
And the best of all this bad
bunch
Is shouting to be heard
Above the sound of ideologies
clashing
Outside the patient millions
Who put them into
power
Expect a little more back for their taxes
Like school books, beds in
hospitals
And peace in our bloody time
All they get is old men grinding
axes
Who've built their private fortunes
On the things they can
rely
The courts, the secret handshake
The Stock Exchange and the old
school tie
For God and Queen, and Country
All things they justify
Above
the sound of ideologies clashing
God bless the civil service
The
nations saving grace
While we expect democracy
They're laughin' in our
face
And although our cries get louder
The laughter gets louder
still
Above the sound of ideologies clashing
Above the sound of
ideologies
Above the sound of ideologies
Above the sound of ideologies
clashing
As manchetes murros na tromba do governo
127.500 trabalhadores
obrigados a encher uma dúzia
de empresas milionárias
obrigados a encher uma dúzia
de empresas milionárias
Estas duas manchetes, respectivamente do CM e do JN, dizem mais do que milhões de outras palavras sobre o que é a política de classe deste governo, ou seja, a quem verdadeiramente serve. Em boa hora estes dois jornais fizeram as contas. E eu limito-me a acrescentar uma minha outra conta: cerca de 127.500 trabalhadores com salários mensais de 800 euros vão, com o seu mês de salário perdido por força do aumento de sete pontos suas contribuições para a segurança social, «dar», contra a sua vontade, 100 milhões de euros a uma dúzia de empresas milionárias.
Exclusivo «o tempo das cerejas»
Consta que esta noite Gaspar
desvendará o segundo milagre de Fátima
Uma fonte exclusiva e priviligeada de «o tempo das cerejas» revelou-nos que, na sua comunicação de hoje, o ministro Vítor Gaspar, em palavras muito pausadas e milimetricamente medidas, explicará o que se pode considerar justamente o segundo milagre de Fátima, ou seja como é que uma brutal redução dos rendimentos portugueses, afectando poderosamente o seu poder de compra e portanto o escoamento da produção destinada ao mercado interno, e criando drásticas e maiores dificuldades para a maior parte das empresas, com a consequente redução das receitas fiscais conduzirão a um pujante crescimento económico e a uma significativa diminuição do desemprego. «o tempo das cerejas» soube também que já amanhã uma comissão de peritos se reunirá no Vaticano para uma primeira avaliação deste milagre.
Faço questão de lembrar sempre os dois
Os dois 11 de Setembro
"self evident" by Ani DiFranco
(inspired by the WTC disaster) us people are just poems we're 90% metaphor with a leanness of meaning approaching hyper-distillation and once upon a time we were moonshine rushing down the throat of a giraffe yes, rushing down the long hallway despite what the p.a. announcement says yes, rushing down the long stairs with the whiskey of eternity fermented and distilled to eighteen minutes burning down our throats down the hall down the stairs in a building so tall that it will always be there yes, it's part of a pair there on the bow of Noah's ark the most prestigious couple just kickin back parked against a perfectly blue sky on a morning beatific in its Indian summer breeze on the day that America fell to its knees after strutting around for a century without saying thank you or please and the shock was subsonic and the smoke was deafening between the setup and the punch line cuz we were all on time for work that day we all boarded that plane for it to fly and then while the fires were raging we all climbed up on the windowsill and then we all held hands and jumped into the sky and every borough looked up when it heard the first blast and then every dumb action movie was summarily surpassed and the exodus uptown by foot and motorcar looked more like war than anything I've seen so far so far so far so fierce and ingenious a poetic specter so far gone that every jackass newscaster was struck dumb and stumbling over 'oh my god' and 'this is unbelievable' and on and on and I'll tell you what, while we're at it you can keep the pentagon keep the propaganda keep each and every TV that's been trying to convince me to participate in some prep school punk's plan to perpetuate retribution perpetuate retribution even as the blue toxic smoke of our lesson in retribution is still hanging in the air and there's ash on our shoes and there's ash in our hair and there's a fine silt on every mantle from hell's kitchen to Brooklyn and the streets are full of stories sudden twists and near misses and soon every open bar is crammed to the rafters with tales of narrowly averted disasters and the whiskey is flowin like never before as all over the country folks just shake their heads and pour so here's a toast to all the folks who live in Palestine Afghanistan Iraq El Salvador here's a toast to the folks living on the pine ridge reservation under the stone cold gaze of mt. Rushmore here's a toast to all those nurses and doctors who daily provide women with a choice who stand down a threat the size of Oklahoma City just to listen to a young woman's voice here's a toast to all the folks on death row right now awaiting the executioner's guillotine who are shackled there with dread and can only escape into their heads to find peace in the form of a dream cuz take away our playstations and we are a third world nation under the thumb of some blue blood royal son who stole the oval office and that phony election I mean it don't take a weatherman to look around and see the weather Jeb said he'd deliver Florida, folks and boy did he ever and we hold these truths to be self evident: #1 George W. Bush is not president #2 America is not a true democracy #3 the media is not fooling me cuz I am a poem heeding hyper-distillation I've got no room for a lie so verbose I'm looking out over my whole human family and I'm raising my glass in a toast here's to our last drink of fossil fuels let us vow to get off of this sauce shoo away the swarms of commuter planes and find that train ticket we lost cuz once upon a time the line followed the river and peeked into all the backyards and the laundry was waving the graffiti was teasing us from brick walls and bridges we were rolling over ridges through valleys under stars I dream of touring like Duke Ellington in my own railroad car I dream of waiting on the tall blonde wooden benches in a grand station aglow with grace and then standing out on the platform and feeling the air on my face give back the night its distant whistle give the darkness back its soul give the big oil companies the finger finally and relearn how to rock-n-roll yes, the lessons are all around us and a change is waiting there so it's time to pick through the rubble, clean the streets and clear the air get our government to pull its big dick out of the sand of someone else's desert put it back in its pants and quit the hypocritical chants of freedom forever cuz when one lone phone rang in two thousand and one at ten after nine on nine one one which is the number we all called when that lone phone rang right off the wall right off our desk and down the long hall down the long stairs in a building so tall that the whole world turned just to watch it fall and while we're at it remember the first time around? the bomb? the Ryder truck? the parking garage? the princess that didn't even feel the pea? remember joking around in our apartment on avenue D? can you imagine how many paper coffee cups would have to change their design following a fantastical reversal of the New York skyline?! it was a joke, of course it was a joke at the time and that was just a few years ago so let the record show that the FBI was all over that case that the plot was obvious and in everybody's face and scoping that scene religiously the CIA or is it KGB? committing countless crimes against humanity with this kind of eventuality as its excuse for abuse after expensive abuse and it didn't have a clue look, another window to see through way up here on the 104th floor look another key another door 10% literal 90% metaphor 3000 some poems disguised as people on an almost too perfect day must be more than poems in some asshole's passion play so now it's your job and it's my job to make it that way to make sure they didn't die in vain sshhhhhh.... baby listen hear the train?
^
Vientos del puebo pelos Inti-Illimani
(de Vítor Jara e Miguel Hernandes)
De
nuevo quieren manchar
mi tierra con sangre obrera
los que hablan de
libertad
y tienen las manos negras.
Los que quieren dividir
a la
madre de sus hijos
y quieren reconstruir
la cruz que arrastrara
Cristo.
Quieren ocultar la infamia
que legaron desde siglos,
pero
el color de asesinos
no borrar?n de su cara.
Ya fueron miles y miles
los que entregaron su sangre
y en
caudales generosos
multiplicaron los panes.
Ahora quiero
vivir
junto a mi hijo y mi hermano
la primavera que todos
vamos
construyendo a diario.
No me asusta la amenaza,
patrones de la
miseria,
la estrella de la esperanza
continuar? siendo
nuestra.
Vientos del pueblo me llaman,
vientos del pueblo me
llevan,
me esparcen el coraz?n
y me aventan la garganta.
As?
cantar? el poeta
mientras el alma me suene
por los caminos del
pueblo
desde ahora y para siempre.
10 setembro 2012
No "Público"
Extraordinária 1ª página,
extraordinário preconceito !
extraordinário preconceito !
Para mais tarde recordar: na 1ª página do «Público» de hoje há espaço para um vago sinal de Seguro mas comício da Festa do Avante! nada, zero, nicles, o que se compreende, aceita e aplaude pois quem manda os comunistas realizarem o maior comício anual de Portugal (rima e é verdade).
09 setembro 2012
Jerónimo de Sousa na Festa do Avante!
O fim da crise só com o fim
desta política e do governo
que a põe em prática!
desta política e do governo
que a põe em prática!
(...)Portugal enfrenta a mais grave crise económica e social com
consequências trágicas para o país e dramáticas para a vida dos
portugueses: desemprego brutal; profunda e destruidora recessão
económica; um processo de empobrecimento generalizado; regressão
drástica das condições de vida das classes e camadas populares; aumento
das injustiças e desigualdades; alastramento das situações de pobreza e
de exclusão social, acentuação da dependência do país face ao
estrangeiro.
Vivemos hoje uma situação de brutal retrocesso do país em todos os
domínios. Uma situação que é o resultado acumulado de anos de política
de direita ao serviço dos grandes grupos económicos e financeiros e de
um Pacto ilegítimo que tudo agravou, estabelecido entre aqueles que
governaram o país em todos estes últimos anos – o PS, PSD e CDS-PP e a
troika estrangeira do FMI/BCE/UE.
Dissemos há um ano a partir desta mesma tribuna que o Pacto imposto
pelos banqueiros, os especuladores e o grande capital para seu próprio
proveito era um desastre que o país pagaria caro e que o caminho era
outro e que havia uma alternativa capaz de defender o país e as
condições de vida dos portugueses. Dissemos que este continha um
programa inaceitável de exploração do trabalho, de extorsão dos
portugueses e dos recursos nacionais. Que tal Pacto não era um programa
de ajuda, mas um Pacto de Agressão ao país e aos portugueses.
Dissemo-lo e a vida confirma-o. A dimensão dos problemas atingiu
níveis inimagináveis. Se o país há muito estava mal, tudo ficou pior.
As medidas de ataque aos salários, às reformas, aos rendimentos e
condições de vida dos trabalhadores e do povo. O aumento dos impostos
sobre o trabalho e consumo. A deliberada e drástica redução do
investimento público e privado. A renúncia a uma política de
desenvolvimento e de promoção da produção nacional. O aumento
desmesurado e generalizado dos preços da energia, transportes e de todos
os factores de produção – sectores dominados pelos grandes grupos
económicos –, bem como o estrangulamento financeiro das micro, pequenas e
médias empresas, são os negros traços de uma política de rapina ditada
pelo dogmatismo ideológico ao serviço dos grandes interesses, cujas
consequências negativas para o país e para a vida dos portugueses estão
para lá das previsões mais pessimistas. (...)
Agora, aí os temos a dizer que nem tudo correu como previam!
E com um descaramento inacreditável a anunciar novas e mais brutais
medidas, em nome da solução dos problemas que deliberadamente agravaram e
continuam a agravar. Ultrapassando tudo o que era imaginável e todos os
limites da desfaçatez e do cinismo, acabámos de ver o primeiro-ministro
Passos Coelho com ar pungente a anunciar um descarado roubo nos
salários dos trabalhadores e reformados, em nome do combate ao
desemprego! Desemprego que promoveram e deixaram crescer para pressionar
os salários para baixo e impor a lei da selva no mercado de trabalho!
Há quem diga que, perante o fracasso desta política de desastre
nacional, estamos perante aprendizes de feiticeiro, vítimas do ricochete
do seu próprio feitiço.
Puro engano!
Eles não são principiantes! Eles são mestres na arte da exploração
dos trabalhadores e dos povos, para servir os senhores do dinheiro. Na
sua maioria cursaram e fizeram tirocínio nas escolas do pensamento
neoliberal, nos alcatifados da União Europeia e nas mais afamadas
administrações dos grupos económicos e das grandes instituições
financeiras, cujas portas estão sempre abertas a um regresso, depois de
uma “sacrificada comissão de serviço público”. Eles são peritos na arte
da mistificação. Eles nunca se enganam na receita e o feitiço nunca se
vira contra eles, nem contra os interesses que servem, mas contra os
trabalhadores, contra o povo.(...)»
intervenção integral aqui
E ao terceiro dia da Festa
Um comício de combate e de esperança
É claro que, no último dia da Festa, há os Gaiteiros de Lisboa a fechar o Palco 25 de Abril e Hélder Moutinho e depois Ana Moura a fechar o Auditório 1º de Maio. Mas antes, às 18 horas, realiza-se o comício da Festa que, nas circunstâncias actuais, ainda mais convoca a participação física de todos os comunistas e outros democratas que compreendem a urgência, necessidade e importância de uma grande afirmação de vontade de resistência e de luta e de favorecimento de um autêntico sobressalto nacional que esconjure a verdadeira tragédia que a política do governo, cada vez, mais cruelmente anuncia.
08 setembro 2012
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