13 agosto 2012

Da nova geração de «cantautores» espanhóis

Rafa Pons





Demora no pagamento de salários em atraso

Oito meses ?!!! E já agora porque não
nove para ficar igual às gravidezes ?


«O provedor de Justiça quer mais
celeridade na análise dos pedidos
de intervenção do fundo de garantia
 salarial (FGS), que está a
 durar em média oito meses,
com prejuízo para os trabalhadores
com salários, subsídios ou indemnizações
 em atraso (...).

No Público de hoje

Classes sociais e votos

Rectificação a um jornalista,
observação a um politólogo


Sob este título, que veicula uma ideia de que nem sequer discordo no essencial mas que sublinho estar longe de ser um fenómeno recente, aqui e lá fora), o Público dá hoje à estampa uma peça em torno destas questões.

Deixando para outra altura uma eventual abordagem mais densa desta problemática, por hoje só quero fazer uma rectificação a algo afirmado pelo jornalista autor da peça e a uma afirmação de um politólogo que deu a sua opinião.

Quanto ao jornalista, acontece que este, a dado passo, afirma que (sublinhados meus) «o caso francês, com a Frente Nacional de Marine Le Pen, é paradigmático. O partido, atacando fortemente as políticas pró-emigração, conseguiu obter nas legislativas francesas, em Nord-Pas de Calais, uma vitória esmagadora. Importa dizer que esta circunscrição é maioritariamente composta por elementos da classe operária, outrora bastião da esquerda radical».

A este respeito, não está em causa obviamente que a FN nessas eleições tenha sido o 2º partido em voto operário, embora seja de lembrar que, nas anteriores, até tinha sido o primeiro. Trata-se sim de informar o jornalista e os leitores que, nas eleições deste ano, no departamento de Pas de Calais (resultados aqui), que tem 12 circunscrições, a Frente Nacional só venceu em duas na 1ª volta e não venceu nenhuma na 2ª volta, com a agravante que foi na 11ª (Hénim-Beaumont) que Marine Le Pen foi derrotada na 2ª volta. Se isto é uma «vitória esmagadora», então vou ali e já venho.

Já quanto ao politólogo trata-se de comentar  afirmações de de António Costa Pinto que, segundo o jornal «estabelece uma diferença fundamental entre BE e PCP. Enquanto o primeiro tem "segmentos sociais muito diversificados", o outro assume um discurso em que "se reivindica de um grupo social determinado, que são os operários, os assalariados rurais [?] e, nos últimos anos [?], os pequenos e médios agricultores».

Com a preocupação de ser sério e rigoroso, anoto devidamente que Costa Pinto, quanto ao PCP, se reporta ao «discurso» e não à composição social do seu eleitorado.  Mas ainda assim, mesmo só no plano do discurso, a descrição de Costa Pinto é completamente irreconhecível uma vez que é patente e demonstrável que no «discurso» do PCP a referência abrangente aos «trabalhadores» sobreleva compreensivelmente a referência exclusiva aos «operários» e que os «assalariados rurais» deixaram, por razões de adequação à realidade social, de ter o peso que tiveram no passado já distante e que entretanto ganharam peso aos referências aos micro, pequenos e médios empresários e aos trabalhadores precários.

E se, porventura, Costa Pinto estendesse a sua afirmação à composição social do eleitorado do PCP e da CDU, a sua definição ainda seria mais pobre pois é uma evidência que os trabalhadores dos serviços (sejam do sector privado sejam da administração pública) têm certamente um peso considerável no eleitorado do PCP.

Dito isto, lembro que, nesta matéria,  há confusões que já vêm dos alvores da revolução de Abril e dos anos seguintes. Nessas épocas, eram às carradas os jornalistas e comentadores que quase queriam limitar o voto no PCP, para além das cinturas industriais, ao Alentejo. Confundindo percentagens com número de votos, nunca repararam que, mesmo em 1979, os votos na então APU em Évora, Beja e Portalegre não representavam mais do que  13% % da sua votação nacional .

12 agosto 2012

Esta noite recordando

Freddie Hubbard

Edição histórica do "Público" ou...

... no tempo do chumbo
talvez não tivesse acontecido


 Topo da pág. 33( boa)
 Topo da pág. 33 (repetida)
 Topo da pág. 36 (boa)
Topo da pág.36 (repetida)


Como se sabe, a história da imprensa está cheia de milhares de casos de gralhas, erros de paginação, textos repetidos e um sem número de outras coisas e acidentes, mais ou menos saborosos. Na edição do Público de hoje, aconteceu porém algo de que não tinha informação nem memória: duas páginas (a 33 e a 36) foram impressas duas vezes mas uma vez correctamente e outra vez de forma invertida. Desconfio que no tempo paginação em chumbo isto seria mais díficil de acontecer o que só vem mostrar que, nas novas tecnologias, nem tudo são rosas. Talvez valha a pena guardar esta edição porque, daqui por uns anos, se se aplicarem as regras da filatelia, este engano vai valer dinheiro. E, se não me engano, se duas páginas foram repetidas (de forma invertida), então houve duas páginas que, coitadas, ficaram de fora. Daqui lhes envio a minha solidariedade.

Classe média no Brasil

A entender com prudência


A capa e uma extensa peça da revista do Público de hoje são dedicados ao crescimento da «classe média» no Brasil. A mim, não me passa pela cabeça negar os assinaláveis progressos que nos últimos anos têm sido feitos no Brasil no sentido da redução da pobreza. Só venho lembrar que quer o conceito de pobreza quer o de classe média são relativos de país para país. Assim, é de referir que, na própria peça da revista do Público, se explica que «segundo os mais recentes critérios do Governo brasileiro, classe média é o grupo composto por famílias com rendimento per capita entre 291 e  1019 reais.  No total, 54% da população».
Ora, atenção, se não me engano nas contas, 291 reais correspondem a  118 euros e 1019 reais a  442  euros. E, se assim for, os beneficiários portugueses da pensão social e os que auferem o salário mínimo em Portugal seriam «classe média» no Brasil.

Documentos ao fundo

Já vi este título mas...


 ... ainda não vi este !


11 agosto 2012

Porque hoje é sábado (285)

Wadada Leo Smith
A sugestão musical de hoje destaca  o
 grande músico e trompetista norte-americano
Wadada Leo Smith.



10 agosto 2012

Hoje, centenário de Jorge Amado

Nunca se retratará 
bem quanto lhe devemos


Completam-se hoje cem anos sobre o nascimento de Jorge Amado e não me passa pela cabeça estreitar, esquecer ou desvalorizar as dimensões artística e humana globais da sua obra e da sua intervenção e muito menos regressar a um hoje em dia obsoleto confronto entre forma e conteúdo. Mas julgo-me no direito de, com esta ressalva, lembrar que o curso das ideias, da acção dos homens e da vida da humanidade beneficia de muitos afluentes e que o ciclo das obras iniciais deste grande escritor brasileiro pode não ser o mais marcante em termos de qualidade artística mas, em todo o mundo, ajudou a trazer milhões de homens e mulheres para a causa da liberdade e da emancipação social. E, neste dia, só tenho pena de, por desarrumação de papéis,  não encontrar o discurso de Jorge Amado na recepção a Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras, onde já depois do fim da União Soviética e sem evidentemente renegar a sua própria  evolução político-ideológica, reafirmava a sua confiança e vinculação a grandes ideais libertadores de progresso e transformação sociais.

Jorge Amado escrevendo Tocaia Grande


Justiça seja feita  ao

e à D. Quixote
que tem em curso a edição das Obras Completas de Jorge Amado, após um vasto trabalho de fixação final de textos por diversos especialistas, sob a direcção de Paloma Amado.