03 agosto 2012

Americanos falam...

... de tortura !


 a ler aqui
e ainda
The Torture Report: What the DocumentsSay About America's Post-9/11 Torture Program
Edição da OR Books, 460 p.

Apresentação do editor:«Sometimes the truth is buried in front of us. That is the case with more than 140,000 government documents relating to abuse of prisoners by U.S. forces during the "war on terror," brought to light by Freedom of Information Act litigation. As the lead author of the ACLU's report on these documents, Larry Siems is in a unique position to chronicle who did what, to whom and when. This book, written with the pace and intensity of a thriller, serves as a tragic reminder of what happens when commitments to law, common sense, and human dignity are cast aside, when it becomes difficult to discern the difference between two groups intent on perpetrating extreme violence on their fellow human beings. Divided into three sections, The Torture Report presents a stunning array of eyewitness and first-person reports-by victims, perpetrators, dissenters, and investigators-of the CIA's White House-orchestrated interrogations in illegal, secret prisons around the world; the Pentagon's "special projects," in Guantánamo Bay, Cuba; plots real and imagined, and much more.»

02 agosto 2012

Hoje, não por acaso

Regresso a Simon & Garfunkel
 com Old Friends




Um artigo de Francisco Assis

Miséria intelectual, cinismo político



É esta magnifica fotografia (já há dias publicada no Público) da autoria de Adriano Miranda de um trabalhador dos Estaleiros Navais de Viana de Castelo que hoje ilustra o artigo de opinião de Francisco Assis naquele jornal. Não é por acaso.

É que o deputado socialista, depois de uma elogiosa evocação de Simone Weil que também me choca no contexto actual das posições do PS, escreve o seguinte : «Entrou ontem em vigor
 a nova versão do Código de Trabalho. Não são raras as ocasiões em que os decisores políticos se vêem impelidos a agir em função de um juízo em que as convicções se têm de adequar fortemente às circunstâncias. A votação deste documento na Assembleia da República constituiu um dos últimos momentos em que o Partido Socialista agiu condicionado por um autêntico estado de necessidade. A abstenção constitui um acto de responsabilidade - não foi, bem pelo contrário, um momento de felicidade».
E, um parágrafo depois, tem o arrojo de acabar assim: «Felizmente há quem recuse essa metamorfose que transforma os homens em pedras. Provaram isso mesmo ainda este fim-de-semana os funcionários dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Numa encenação teatral de rua, demonstraram que a todas as razões instrumentais do mundo se pode opor sempre a razão última da dignidade humana».
Confio que a capacidade de juízo crítico dos leitores me dispense de dizer seja o que fôr sobre as palavras de Francisco Assis, além do mais, porque a fazê-lo, só me sairiam palavras parecidas com granadas.

Permitam-me por isso que diga apenas que aquela fotografia está mal a ilustrar o artigo de Francisco Assis e que a expressão e atitude daquele operário exibem tudo aquilo que o PS e Francisco Assis não têm.

01 agosto 2012

Refundação ou «afundação» ?

Ou como Daniel Campelo
foi um herói antes de tempo


Ao ler hoje o nº5 do folhetim de Rui Tavares no Público sobre as suas propostas ou ideias para uma «refundação democrática» decido nem esperar pelo 6º dedicado aos partidos pois já li o suficiente para ter uma nova confirmação de que uns têm a fama do esquematismo, da superficialidade e do dogmatismo mas outros é que têm o proveito.

Quanto ao folhetim de hoje basta-me citar, que num espírito de absoluta generalização que só por si devia envergonhar um intelectual como Rui Tavares, este afirma que (sublinhados meus) «se a democracia implica a possibilidade de cada cidadão eleger e ser eleito, a República Portuguesa é, na prática, uma meia -democracia. Todos podemos votar, de vez em quando, mas num universo de 500 pessoas que, por sua vez, foram escolhidas por apenas cinco. Todo o cidadão pode eleger, mas só uma minoria mastigada pelos aparelhos partidários e vetada pelo senhor feudal que manda no partido pode aspirar a ser eleita.».

Deixando de lado a questão sobre como é que, num momento da sua vida, Rui Tavares aceitou ser escolhido apenas por um «líder»e ainda por cima senhor feudal e deixando de lado saber se este juízo o colheu RT de por onde passou, o que eu posso testemunhar que passei 37 anos da minha vida político-partidária a não ver nada disto e antes a ver as decisões sobre candidatos (e só mais as mais relevantes) a serem decididos por órgãos colegiais centrais exercendo competências estatutárias e sempre em diálogo com as organizações distritais e com largo papel destas.

Mas isto para mim são trocos quando comparados com o que Rui Tavares escreveu no nº 4 (30/7) do folhetim, numa triste imitação do que estamos fartos de ouvir de Vasco Pulido Valente, António Barreto, Maria Filomena Mónica e outros, a saber isto : «A isto poderíamos acrescentar que os partidos impõem a disciplina de voto à revelia da Constituição, o que deveria ser uma vergonha nacional, porque significa que os deputados que têm exclusividade também não são mais livres. Se levantam ondas não estão nas próximas listas eleitorais. De forma que estamos perdidos se não conseguirmos duas coisas simples: deputados que façam aquilo para que foram eleitos em exclusividade (...) e que depois votem em total liberdade».

Sem deixar de reconhecer  ser humano e politicamente compreensível que cada um adora a indisciplina de voto nas bancadas alheias mas não na sua, é sobre estes pontos de Rui Tavares que quero deixar as seguintes observações soltas e não hierarquizadas :

Levando à letra o pensamento de Rui Tavares, parece que os partidos, em vez de serem associações de mulheres e homens livres que se decidem voluntariamente associar em torno de uma identidade e de um projecto políticos, deviam ser uma espécie instrumento à disposição de  candidatos a deputados para lhes permitir depois exprimirem na AR as suas idiosincracias e opiniões estritamente pessoais e votarem como na real gana lhes desse.

Ora, ao contrário do que disse Rui Tavares, o que seria uma vergonha nacional seria e é  alguém candidatar-se pela lista de um partido (onde alías constam a sua designação e símbolo e não as fotos dos candidatos), ter aceite o respectivo programa eleitoral, ter beneficiado do esforço e espírito de sacrifício de milhares de militantes e simpatizantes e, depois de eleito, se borrifar em tudo isso e passar a agir e a votar liberto de quaisquer vínculos de pertença política e de solidariedade ou respeito para com os eleitores que o elegeram.

Eu sei que a memória é curta mas estas ideias de Rui Tavares no fundo representam a glorificação e reabilitação do «danielcampelismo», fenómeno que na altura foi geralmente condenado e exautorado. E pode não ser o caso de Rui Tavares, mas não me admiraria nada que se elas fossem postas em prática rapidamente se ergueria um coro contra a «balcanização» do Parlamento e as instabilidades legislativas e governativas que podiam vir atrás.

Finalmente, se por enquanto de forma velada, Rui Tavares pretende fazer a defesa de candidatos «independentes» (mais rigorosamente, de candidatos propostos por cidadãos eleitores) à AR, o que actualmente - e a meu ver bem - está legalmente vedado, então isso só seria possível com a criação dos famigerados círculos uninominais, expressão máxima do que tenho chamado «escrutínio de ladrões».  E é assim porque, quer o sistema eleitoral se baseasse apenas num círculo nacional ou em círculos distritais ou nos dois, a verdade é uma lista com 12, 24 ou 50 candidatos ditos «independentes» (insisto, propostos por cidadãos eleitores) deixaria de o ser porque quando 12, 24 ou 50 candidatos se associam para se candidatarem à AR é porque tem as suficientes afinidades programáticas entre si, já não há a candidatura individual, o que há é um partido informal que não quis ter nem o trabalho nem as obrigações de ser um partido a sério.

Entrou hoje em vigor...

... mais vai já para a lista
das revogações futuras




Aqui pró-memória:
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD e do CDS-PP, votos contra do PCP, do BE, de Os Verdes, dos Deputados do PS Carlos Enes, Isabel Alves Moreira, Isabel Santos, Nuno André Figueiredo, Paulo Campos, Pedro Alves, Renato Sampaio, Rui Pedro Duarte e Sérgio Sousa Pinto e do Deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro e a abstenção do PS.

Para além da macro-economia

Pequenas-grandes coisas
que a troika não examina



No Público de ontem

30 julho 2012

Voltando a Raquel Varela

Com razão e sem ela


Aqui, pode ler-se que “Aquilo que nós discutimos é que o conceito de transição para a democracia é um conceito absolutamente errado. Quando há um processo revolucionário nós não sabemos se ele vai acabar na transição para a democracia ou em outra coisa qualquer e, portanto, os historiadores não têm de dar conceitos sobre o que vai acontecer, têm que analisar o que é que aconteceu” disse à Lusa a historiadora Raquel Varela, da Universidade Nova de Lisboa, que coordena as investigações publicadas no livro sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974.»

Neste ponto, não posso estar mais de acordo,com Raquel Varela, pois bem indignado tenho andado com  o recente ressurgimento entre historiadores  e temas de seminários da referência ao período 25.4.1974- 25.11.75 como a nossa «transição para a democracia», coisa em que não deviam alinhar até porque sabem que perfeitamente que o termo «transição para a democracia» está muito associado à experiência espanhola e não poucos a celebraram para  precisamente se distanciaram da «revolução democrática portuguesa» do 25 de Abril.

Mas como nunca há bela sem senão, já não estou nada de acordo com o que Raquel Varela a seguir afirma designadamente nas partes que eu próprio decidi sublinhar: “O 25 de Abril é a antítese da estabilidade e da transição. É um Estado que entra em crise. Não há elites, vai-se buscar o MFA para se tentar recompôr o Estado. O que há é literalmente o poder na rua. Os governos e os partidos políticos, incluindo os partidos políticos de esquerda andam atrás do que se passa nas ruas. A dinâmica das greves, das manifestações, das comissões de trabalhadores, do controlo operário das empresas nacionalizadas. Sistematicamente os partidos andam atrás do que se passa nas ruas. É justamente a antítese daquilo que é um regime estável”, diz Raquel Varela.»

Apetecia-me dizer que que só a idade pode explicar que Raquel Varela  espalhe esta visão totalmente espontaneista do curso da revolução portuguesa e   esta grotesca efabulação de partidos políticos de esquerda que «andam atrás do que se passa nas ruas». Mas eu sei que o problema de Raquel Varela não é ter menos trinta e dois anos que eu, é o de querer encaixar e torcer a realidade e os factos até caberem dentro seus esquemas e concepções ideológicas previamente definidos e enraizados no seu pensamento..

Supondo eu que a história oral também tem a sua importância e dignidade, só quero deixar a Raquel Varela  a informação de que ainda estão vivos uns larguíssimos milhares de portugueses que lhe poderão contar quanto trabalharam e organizadamente para tantas lutas e  avanços que ela imagina de geração absolutamente  espontânea.

A França e o Tratado Orçamental

Hollande quer resolver no
Parlamento 
mas 52% quer um referendo



sobre as divisões no PS francês
a este respeito ler
aqui.

Lançamento em Agosto

Ry Cooder em Election Special





 
The Wall Street Part of Town



Mutt Romney Blues