Três no cravo e uma na ferradura
Em véspera da moção de censura do PCP, o Público assinala hoje de forma desenvolvida o que considera ser um balanço do 1º ano do governo que desgraçadamente temos.
A mim, não me passa pela cabeça esconder que um tal tratamento jornalístico inclui coisas de sentido diverso e sublinho a este respeito, por exemplo, a peça na revista de Paulo Moura com o título «Quando se perde a casa já se perdeu tudo».
Mas o sentido geral e aquele que mais influenciará os leitores é de natureza diferente. Desde logo repare-se na distância que vai entre a ilustração escolhida e o título aposto que coloca o acento tónico nas «reformas por fazer» quando toda gente sabe, mesmo que o esconda, que de verdadeiras e vingativas contra-reformas se trata.
Depois o editorial considera que o governo tem sido «beneficiado pela paz social», o que me leva a crer que os que mandam no Público nem sequer fazem o exercício elementar de multiplicar por cinco ou por dez o que o seu próprio jornal publica sobre lutas ou manifestações de protesto e descontentamento.
Por fim, o Público convidou «11 especialistas» a pronunciarem-se sobre o ano de governo e eles são, além do omnipresente troikista Paulo Trigo Pereira, Silva Lopes, Loureiro dos Santos, Boaventura Sousa Santos, Augusto Santos Silva, João Machado (CAP), António Saraiva (CIP), José Morgado, Pedro Pitta Barros, Sérgio Aires (falta aqui alguém, mas paciência, não altera) o que, deve ser esquisitice minha, mas, em termos de pluralismo social e político me parece por demais curto.
Tudo visto, desculpada a manhosice ou amadorismo gráficos, acho que a primeira página tinha ficado melhor assim.