Uma vingança tola do Público
Juro por todos os santinhos que não me passou nada ao lado a notícia acima ilustrada do Público de 3 de Abril em que este jornal nos contava com algum desenvolvimento o que Francisco Louçã iria dizer na noite desse dia num comício do Syrisa em Atenas.
Com efeito, pensei para comigo próprio que «isto está tudo muito mudado». Na verdade, lembrei-me que se, por absurdo, ao longo dos muitos anos em que fui responsável pelas relações do PCP com a comunicação social, eu alguma vez tivesse pedido a algum jornal que noticiasse numa manhã o que Álvaro Cunhal iria dizer à noite em Portugal ou no estrangeiro, a resposta que certamente teria ouvido seria a de «meu caro Vítor Dias, nós aqui noticiamos o que foi dito, não anunciamos previamente o que vai ser dito».
Acontece que uma crónica hoje assinada no Público por N.S.L. e M.J.O., num quadro e tom geral de gozo, nos conta que Louçã, devido a uma greve de controladores aéreos, não conseguiu chegar a Atenas e o seu discurso teve de ser lido por um dirigente do Syrisa.
Ora, mais valia estarem caladinhos e deixarem-se de pequenas vinganças tolas pois os serviços de imprensa do BE podem ter pedido a divulgação antecipada do discurso mas quem a consentiu e concretizou foi o Público.