Com direito a foto, ora toma !
No «cinco dias», Nuno Ramos de Almeida assinou ontem um post cuja parte essencial considero merecer a maior divulgação. Reza assim: «(...)Há dias tive o privilégio de ouvir na rádio o professor Augusto Mateus, ministro da Economia de António Guterres, a falar sobre a reforma do Sistema Nacional de Saúde. O especialista que justificou a construção do Aeroporto de Beja, em estudo pago no tempo do governo Sócrates, para ser utilizado como plataforma para distribuição de géneros frescos, vem propor uma medida salvífica para a saúde. Os médicos devem ser responsabilizados pelos meios de diagnóstico que pedem e, eventualmente, ganhar à percentagem das poupanças que induzem. Em vez de começarem “a inventar” e pedir TACs para doentes que parecem ter cancro, passam a fazer contas ao preço das coisas e só marcam esses exames caros se tiverem uma certeza absoluta. Uma decisão que se espera temperada com o prémio que vão perder. Os doentes mortos seriam uma espécie de vítimas colaterais nesta guerra virtuosa para cortar nas despesas do SNS. Para os génios que nos trouxeram até aqui, os valores da preservação da vida humana, o acesso igualitário aos cuidados de saúde e até o preço social a pagar pelas vítimas dessa medida são um pequeno preço para ter uma saúde como a economia neoliberal manda.»
O post de N.R.A., como se pode ver, diz o essencial e até acaba por ser relativamente sereno e elegante. Mas eu, num caso destes e estando em causa quem está, ou seja Augusto Mateus, não me apetece ser sereno nem elegante. E, por isso, só acrescento duas coisas:
- a primeira, com a expressa ressalva de que isto não envolve nernhuma generalização sobre pessoas, é que, sendo correcta a descrição de NRA, dói e indigna sempre mais especialmente ver barbaridades destas a ser debitadas por pessoas extraordináriamente «radicais» e «revolucionárias» nos idos de 1973/74/75, em relação a algumas das quais não esqueço o tempo, as palavras e a energia que me fizeram perder em discussões e debates em que me tomavam e tratavam como um «reformista» ou «revisionista»;
- a segunda é que estou certo, e é isso que é humanamente compreensível, que o Prof. Augusto Mateus, ao primeiro susto ou suspeita, irá ao privado fazer e pagar o TAC que o tranquilize (assim o desejo).