24 março 2025

Rodrigues dos Santos no seu melhor

 Uma vergonha
 de todo o tamanho!


Numa série de entrevistas de 10 m, a RTP/1 entrevistou esta noite Paulo Raimundo,  secretário-geral do PCP. Acontece que, sob a batuta de Rodrigues dos Santos, todos os minutos e todos os segundos da entrevista foram ocupados com o assunto «Ucrânia». Parece que nada de importante se passa no país e que nem sequer estão convocadas eleições antecipadas. Um escândalo de bradar aos céus e um acto de inaceitável hostilidade e discriminação.

P.S. : o grafismo «2025 eleições legislativas» exibido no cenário chega por si só para pôr em evidência o terrorismo do entrevistador.

Sondagem nos EUA

 Maioria dos inquiridos
 não apoia política
fiscal de Trump

Como é sabido, a política fiscal de Trump assenta no propósito de baixar significativamente os impostos sobre as grandes corporações e os rendimentos especialmente altos.
Mas uma sondagem do Pew Research Center de Fevereiro mostrou que 63% é a favor do aumento de impostos sobre as grandes corporações e que 58% é a favor do aumento de impostos sobre os rendimentos acima dos 400.000 dólares. Mesmo entre os inquiridos republicanos 43% são a favor de um aumento de impostos sobre as grandes corporações, 32% a favor a sua baixa e 23% que se devem manter.

21 março 2025

As cavaleiras do apócalipse

Kallas, van de Leyen e Cª
Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 21/03/2025)
 

(...) «Kaja Kallas, a comissária para a Defesa da UE, numa semana anuncia mais €20 mil milhões em armas para a Ucrânia e na semana seguinte diz que afinal são €40 mil milhões que os países da UE terão de desembolsar, sem explicar como e porquê refez as contas. E, sobretudo, sem querer saber que agora é a Ucrânia que não quer mais continuar em guerra. Pode até dar-se o caso de Zelensky, acossado pela necessidade e por Trump, aceitar a exigência russa de deixar de receber armas ocidentais e teríamos a UE com umas toneladas de armas para oferecer a quem não as quer. Mas também não me admira nada tanto amadorismo bem intencionado: estes são os mesmos dirigentes europeus que andam a arregimentar tropas para mandar para a Ucrânia com a missão de garantir o acordo de paz — sem que haja ainda acordo e sem saber se a Rússia aceitará tropas europeias de países da NATO na Ucrânia. São os mesmos dirigentes que aceitaram sem pestanejar, e igualmente sem quererem ver as contas, o plano de rearmamento europeu no valor de €800 mil milhões, apresentado por Ursula von der ­Leyen. Os mesmos que, para financiar o seu rearmamento, se preparam para aprovar a renúncia aos limites de endividamento dos Estados e o desvio de verbas da coe­são europeia a favor das indústrias de armamento. Os mesmos que ficaram entusiasmados com o programa de rearmamento da Alemanha, que exigiu até uma alteração constitucio­nal sem parar para pensar se será boa ideia o rearmamento da Alemanha, sobretudo quando um partido neonazi, a AfD, tem 20% dos votos dos alemães. Os mesmos, enfim, que só falam de guerra enquanto se tenta alcançar a paz na Europa.»

Uma outra guerra


Caça às bruxas

Viriato Soromenho Marques, in Jornal de Letras, 19/03/2025)

(...)«Perante a guerra, esta ou qualquer outra, o que se espera de um intelectual é o exercício da sua capacidade analítica, antecipada pela procura dos dados empíricos que são as fontes primárias que alimentam o pensamento crítico. Nada disso sucedeu. Como nos sistemas totalitários, formou-se no Ocidente uma cultura de massa vigilante para com a dissidência. Na imprensa ocidental, vozes desafinadas, jornalistas e colaboradores, mesmo académicos prestigiados, foram afastados. Nas universidades, fez-se caça às bruxas. Carreiras profissionais foram interrompidas. O objetivo de quem domina e manipula consiste em manter o controlo da narrativa binária: “ou és amigo, ou és inimigo”. Para isso, seria preciso esconder os factos, se não fosse possível destruí-los. (...) Texto integral aqui


19 março 2025

Aquela pergunta

«os russos estarão realmente interessados em tomar
Vila Real de Santo António? »

Ana Cristina Leonardo no «Público» de 14.3

(...)«Está bem de ver que a alteração da política externa norte-americana — com Donald Trump a suspender o apoio à Ucrânia e a insistir em negociações numa altura em que os avanços russos se tornam indesmentíveis — está na raiz da viragem armamentista.

Desde o início, porém, que mentes mais pragmáticas — e menos convencidas de que na História prevalece uma versão cor-de-rosa na qual os justos saem invariavelmente vencedores — vinham avisando que o optimismo de Ursula von der Leyen — que logo em Abril de 2022 afirmava (sic) “a falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo”, convicção reforçadíssima pelas suas declarações no mês de Setembro seguinte, “os militares russos estão a tirar fichas dos frigoríficos para arranjarem os seus equipamentos militares, porque ficaram sem semicondutores”, ou, em Fevereiro do ano passado, quando anunciou que a guerra com a Rússia havia acelerado a transição ecológica da União Europeia, tornando-nos mais verdes (“ele [Putin] realmente impulsionou a transição ecológica”) — talvez fosse exagerado.

O que não deixa de me surpreender é como alguém que se enganou tanto e tão tragicamente continue responsável por delinear a estratégia futura que, desta vez, sim!, levará ao colapso da Federação Russa e à avaria definitiva de todos os seus frigoríficos, assim como ao reforço das energias renováveis, mesmo ignorando o facto de o nuclear estar de novo em alta, por exemplo, com Emmanuel Macron, contrariando o que dizia serem as suas convicções ecológicas, a mandar reactivar o reactor nuclear EPR de Flamanville, o mais potente reactor francês, ou mesmo a lembrar aos russos que a França dispõe de arsenal nuclear capaz de entrar em acção em caso de necessidade.

Os que viram a comédia negra de Stanley Kubrick, lançada dois anos após a crise dos mísseis em Cuba, Dr. Strange Love or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, sabem como a história acaba. E quem também poderia falar com grande à-vontade sobre o assunto seria a centena de sobreviventes de Hiroxima e Nagasáqui, se algum deles ainda estivesse vivo.

Tenho muitas dúvidas de que o voluntarismo europeu possa resultar em voluntários suficientes para ir combater os russos lá onde eles estiverem. O mantra dominante — e porque referi a obra de Kubrick, relembro outro filme, neste caso também uma comédia, embora menos negra, Vêm aí os Russos, de Norman Jewison, realizada em 1966 — é que ou nós vencemos os russos ou os russos vencem-nos a nós. No solo ucraniano não estariam em causa a independência e integridade do país, mas da liberdade e democracia europeias.

Não fica claro como, após mais de três anos de guerra substancialmente apoiada pelos EUA, os russos não foram vencidos, sendo agora, com o exército europeu imaginado por Macron, os 800 mil milhões orçamentados no ReArm e com Trump fora de cena, que a vitória estaria assegurada mais tarde ou mais cedo. Passaríamos de “até ao último ucraniano” para “até ao último europeu de bem”? E, arriscando levar com um “mais um putinista a soldo”: os russos estarão realmente interessados em tomar Vila Real de Santo António?  (...)»

Num só dia 400 mortos !

Gaza :
o regresso do horror


Primeiro corte de electricidade, depois a proibição da ajuda humanitária e agora ttoneladas de bombas.