30 junho 2012

Hollande ou...

... o deslaçar de ilusões




em L' Humanité

Porque hoje é sábado (277)

Eddie Palmieri


A sugestão musical de hoje é dedicada
ao grande pianista portoriquenho
Eddie Palmieri.

ouvir aqui

29 junho 2012

Olhando mais de perto



Sabe-se que, para já, foi bloqueado pela Espanha e Itália, mas Marianne online trazia ontem alguns esclarecimentos sobre o famoso «Pacto para o Crescimento».

«Ce soir { ontem] le conseil européen réuni à Bruxelles devrait adopter le «pacte de croissance» cher à François Hollande. Le président français pourra donc proclamer qu’il a obtenu le «complément» qu’il souhaitait ajouter au «pacte budgétaire», adopté en mars dernier sous la double égide de Nicolas Sarkozy et Angela Merkel. 



Ce «growth compact» de 120 milliards, soit «1% du PIB européen», destiné à relancer l’activité dans l’Union, est un pudding de financements très disparates, préparés de longue date par les services de la Commission européenne. «C'est un retour au fonctionnement classique de l'Europe, soupire un proche de Jose Barroso. Les gouvernements européens piochent dans boite à outils de la Commission, et se l'attribuent.» Cinquante-cinq milliards sont tirés des fonds structurels européens non distribués. Mais si cette somme existe, elle correspond à deux années, 2012 et 2013. Et on peut penser que si elle était rendue aux Etats membres =, elle serait en partie remise dans le circuit économique et donc générerait de l'activité. L'enveloppe est déjà grevée de 15 milliards de factures impayées. Selon le commissaire au Budget, Janusz Lewandowski, seuls 30 milliards pourrait réellement être redistribués. Le reste viendra principalement des marchés financiers. Les «projects bonds» sont en fait 230 millions d’euros venus du budget de la commission européenne qui permettront d’assurer le risque crédit de 4,6 milliards d’emprunts auprès du privé, servant à financer des projets. 

Enfin sur le même modèle, les 10 milliards d’augmentation de capital de la banque européenne d’investissement lui permettront de lever 60 milliards sur les marchés internationaux, qui seront ensuite prêtés à des entreprises ou des institutions publiques. Au final, les 120 milliards sont en fait 40,23 milliards de fonds publics, et sur plusieurs années. Et donc bien moins que 1% du PIB. Le reste est une sorte de «Partenariat public privé» géant et à géométrie variable. Si l’on ajoute que les milliards demeureront, comme le répète le commissaire Lewandowski, répartis dans toute l’Union européenne et non pas dirigés vers les pays qui en ont le plus besoin, on se rend compte de l’inanité du plan. Mais la preuve du pudding, n’est-ce pas qu’il existe ? Dans Le Figaro, l’économiste libéral Charles Wiploz doute, avec raison,  de l’efficacité du paquet croissance, faisant remarquer que 1% du PIB sur une période indéfinie est une somme bien faible par rapport aux 7% de PIB en moins que les politiques de rigueur ont générés depuis le début de la crise… 


28 junho 2012

Nada surpreendente mas sempre triste

Agitação nos cemitérios italianos


Sob o título já de si significativo de «Monti viaja a Bruselas tras lograr la aprobación de la reforma del trabajo», o El País noticiava hoje o seguinte: «Aun de mala gana, los partidos políticos italianos acaban de conceder una nueva transfusión de confianza a Mario Monti. El primer ministro  técnico se plantará ante Angela Merkel con el aval de haber conseguido aprobar una reforma del trabajo muy dura, que no solo elimina derechos históricos de los trabajadores —el célebre artículo 18 que hacía prácticamente imposible el despido—, sino que además inaugura una larga época de sufrimiento. “El trabajo ya no es un derecho”, llegó a admitir la ministra Elsa Fornero, “debe ser ganado, incluso, a través del sacrificio”. Así pues, Mario Monti llega a Bruselas con su liderazgo reforzado, pero dejando atrás una desastrosa situación política, económica y laboral. (...)Durante dos días, los diputados de la izquierda, de la derecha y del centro expusieron apasionadamente sus puntos de vista –en su mayor parte contrarios por hache o por be a la gestión de Monti--, pero, a la hora de la verdad, dijeron otra cosa. El Gobierno técnico logró salvar las cuatro cuestiones de confianza a las que se sometió. En el caso de la reforma del mercado del trabajo, con 393 votos a favor, 74 en contra y 46 abstenciones. (...)».

Acontece que, tendo até em conta que 80 dos 200 deputados do partido de Berlusconi não votaram a favor, os 393 votos a favor só podem significar que a «reforma», contestada por todo o país pela CGIL, teve o apoio dos deputados do Partido Democrático (ex-D.S., ex-PCI, tanto ex- que, para o integrar, até obrigou o grupo socialista no Parlamento Europeu a mudar de nome) que é aliás a força mais estavelmente apoiante do governo Monti.

Entretanto, soube-se oficiosamente que o Instituto Sismográfico de Itália terá identificado ligeiros movimentos de terras em quase todos os cemitérios italianos, havendo quem admita que ontem dezenas de milhar de ossadas  de comunistas italianos, dos mais ilustres aos mais anónimos, terão dado voltas na tumbas.

Dir-se-á que a liquidação do PCI já foi há 20 anos e que este pessoal do PD já é todo de outra extracção. Mas nem tanto, que eu saiba, o PD ainda é presidido por essa sabida raposa chamada Massimo D'Alema, desde jovem uma importante figura do PCI de então. Mas desse, e antecipando o que hoje estamos a ver,  já tratou uma vez o Nanni Moretti.



A título de informação,
a ler aqui esta entrevista



Corta, corta e corta

Lembrem-se ...


... que os que decidem e impõem isto na sua obsessão  paranóica de corta e cola, perdão de corta e corta, hão-de aparecer um dia destes, em qualquer seminário, conferência ou iniciativa, a perorar com fingida  angústia e preocupação sobre o envelhecimento da população portuguesa e a quebra da natalidade.

Portugal no Euro

Cair de pé, frase
feita mas verdadeira



e este não entra aqui por acaso

às 18.45 hs.

A angústia da padeira 
antes da batalha
(22.26: ela estava com um
mau pressentimento)

Vá lá, pessoal blogueiro de extrema-esquerda, isto é só uma desinspirada brincadeira, não se ponham a afiar as facas para dizer que eu sou mesmo nacionalista.

As contas da segurança social e...

... o rumo para o colapso desejado




No Público de hoje, uma esclarecedora peça de João Ramos de Almeida explica com detalhe como «a austeridade está a degradar o saldo da segurança social». O interesse maior da peça está nos números e não no facto em si que foi devidamente previsto e que, na minha opinião, não ralará especialmente o governo que, daqui a algum tempo, voltará devidamente à carga com a «insustentabilidade» do actual sistema de segurança social e com a necessidade de uma sua considerável privatização.

Porque a memória é cada vez mais curta, é bom que esta peça venha lembrar os crescentes encargos com as pensões dos bancários, coisa de que o Governo quase se esqueceu  (a tal ponto que teve de fazer um orçamento rectificativo) aquando da transferência dos fundos de pensões da banca para o Estado para maquilhar o défice.

A este respeito, é bom recordar o que o PCP disse aqui e aqui
E, por causa da tosse, leia-se ainda aqui o seguinte:


26 junho 2012

Hoje, serão com

M. Ward em
A Wasteland Companion





para ouvir aqui


O "Público" e a moção de censura do PCP

Gasta está a tua tia !


Como aliás era de esperar, o Público acha em editorial que "o que vimos ontem em S. Bento foi uma soma de argumentos gastos", proclama pela enésima vez que o PCP e o BE não têm alternativa, coloca, no seu "sobe e desce", Jerónimo de Sousa a descer (mas esqueceu-se de colocar Pedro Silva Pereira, do PS,  a subir, como era justo segundo a imagem a seguir).

Entretanto, mistérios da vida jornalística, coloca na página 6 este título


que, só por si, parece demonstrar que alguma utilidade a moção de censura teve.

Dito isto, só quero dizer que


está esta mania jornalística de não ouvir, não ler e não estudar o que partidos como o PCP realmente  dizem, propõem e defendem .


está esta habilidade de sempre e sempre repetir que não há alternativa em vez de, como seria mais honesto e decente, dizerem que alternativa há, acontece é que, como é seu direito, não gostam dela ou acham que fere interesses a cuja defesa se consideram vinculados.

está esta continuada submersão no truque, na fuga ao debate do concreto e no preconceito como instrumentos cruciais do seu esforço para que tudo fique na mesma e a esperança de mudança morra nas consciências e vontades.

Da Venezuela para o Royal Albert Hall

A Orquestra Simon Bolívar ou
uma espécie de brisa neste dia





vídeo também  aqui 
(Beethoven e Britten)

25 junho 2012

O queixume de um colaboracionista

Outro armado em parvo





Remetendo para o que, a respeito do Público, já aqui afirmei (no 4º parágrafo), constato que hoje, no mesmo jornal, António Correia de Campos alinhava esta pérola : « A real surpresa do governo residiu na tolerância inesperada dos portugueses, na rua, face a estas medidas. Na verdade, o governo deve agradecer ao PCP e à CGTP toda esta pôdre «paz social».
Sem paciência para mais, registo apenas que Correia de Campos não fala da combativa e implacável UGT nem da pujante e incomparável contribuição do seu PS para a mobilização social contra a política do governo.

Agora, era para pedir desculpa pela crueza do paralelismo histórico que se segue mas afinal não peço, quero é que Correia de Campos se lixe. Na verdade, o que ele acaba de escrever é
um pouco como se, na França de 1942, os colaboracionistas com o regime de Vichy se queixassem publicamente que era fraca a resistência armada conduzida sobretudo pelos comunistas e pelos gaullistas.

Esta tarde na AR

A realidade censura o governo


Ver texto da moção de censura do PCP aqui

24 junho 2012

Fim de domingo com

Ken Peplowski em Poor Butterfly 




O «Público» e o 1º ano de governo PSD-CDS

Três no cravo e uma na ferradura


Em véspera da moção de censura do PCP, o Público assinala hoje de forma desenvolvida o que considera ser um balanço do 1º ano do governo que desgraçadamente temos.
A mim, não me passa pela cabeça esconder que um tal tratamento jornalístico inclui coisas de sentido diverso e sublinho a este respeito, por exemplo, a peça na revista de Paulo Moura com o título «Quando se perde a casa já se perdeu tudo».
Mas o sentido geral e aquele que mais influenciará os leitores   é de natureza diferente. Desde logo repare-se na distância que vai entre a ilustração escolhida e o título aposto que coloca o acento tónico nas «reformas por fazer» quando toda gente sabe, mesmo que o esconda, que de verdadeiras e vingativas contra-reformas se trata.
Depois o editorial considera que o governo tem sido «beneficiado pela paz social», o que me leva a crer que os que mandam no Público nem sequer  fazem o exercício elementar de multiplicar por cinco ou por dez o que o seu próprio jornal publica sobre lutas ou manifestações de protesto e descontentamento.
Por fim, o Público convidou «11 especialistas» a pronunciarem-se sobre o ano de governo e eles são, além do omnipresente troikista Paulo Trigo Pereira,  Silva Lopes, Loureiro dos Santos, Boaventura Sousa Santos, Augusto Santos Silva, João Machado (CAP), António Saraiva (CIP),  José Morgado, Pedro Pitta Barros, Sérgio Aires (falta aqui alguém, mas paciência, não altera) o que, deve ser esquisitice minha, mas, em termos de pluralismo social e político me parece por demais curto.
Tudo visto, desculpada a manhosice ou amadorismo gráficos, acho que a primeira página tinha ficado melhor assim.



23 junho 2012

Porque hoje é sábado (277)

Lúnasa


A sugestão musical de hoje destaca
a banda irlandesa Lúnasa,
cujo último álbum, editado em 2010,
 se intitulava Lá Nua

 



Sean in The Fog

Claro que há sempre o alibi do costume

Quem o leu e quem o vê

Imodéstia à parte, já me tinha lembrado muitas vezes disto que o Expresso hoje refere a respeito das posições sobre a Europa de Paulo Portas. Acontece que nunca aqui tratei do tema porque  tinha o projecto cansativo e trabalhoso de o fazer com vasta documentação ou citações probatórias. Como continuo indisponível para semelhante canseira, aqui deixo a pista para algum desocupado de que é só ir a uma hemeroteca e  consultar a carrada de artigos de página inteira que Paulo Portas escreveu no Independente sobre questões europeias. Garanto-vos de memória que o resultado vai ser uma delícia. Dito isto, é claro que sei muito bem que foi para casos destes que se inventou a desculpa, o alibi ou o truque de que «só os burros não mudam de opinião». Pois.

O maior murro numa política desumana

E continuam a dormir 
bem, senhores governantes ?




(na 1ª página do Expresso)



Sangue na Gutemala

Granito: How to Nail a Dictator



                       um documentário de  Pamela    Yates, Paco de Onís e Peter Kinoy

«In a stunning milestone for justice in Central America, a Guatemalan court recently charged former dictator Efraín Rios Montt with genocide for his brutal war against the country’s Mayan people in the 1980s — and Pamela Yates’ 1983 documentary, When the Mountains Tremble, provided key evidence for bringing the indictment. Granito: How to Nail a Dictator tells the extraordinary story of how a film, aiding a new generation of human rights activists, became a granito — a tiny grain of sand — that helped tip the scales of justice».

Em exibição na cadeia norte-americana de serviço público de televisão PBS de 28 de Junho a 29 de Julho.

22 junho 2012

Mineiros das Astúrias

27º dia de greve e
arrancada para Madrid



«Los mineros ya caminan hacia Madrid. Unos 180 trabajadores de la minería han partido a las diez de la mañana desde Mieres, en Asturias, Villablino y Bembibre, en León, y Andorra en Teruel. Las diferentes grupos han sido despedidos con el aplauso de miles de familiares y vecinos. Después de 19 etapas, tienen previsto llegar a la capital el 11 de julio. Esta es una más de las acciones que estás llevando a cabo para protestar por los recortes en las ayudas al carbón.(...)»- aqui com video em El País.




Victor Manuel em «Carta de un minero»

No «El País»

O olhar de Charlotte Rampling

vídeo aqui

21 junho 2012

Bela vitória

Não poderíamos contratar o
Ronaldo para dar uma cabeçada
assim na austeridade ?




Uma pessoa está sempre a aprender ou...

... desafio fácil aos leitores


Esta é a foto do momento mais solene do juramento de Antonio Samaras como primeiro-ministro da Grécia. Tradições histórico-culturais à parte, aos nossos olhos o que é que há de mais estranho ou insólito nesta foto?

Gerúndio em neologismo

Zorrinhando


Já a noite ia alta, ouvi ontem na TSF, o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, após reunião do seu grupo na AR, anunciar a abstenção do PS na moção de censura do PCP acrescentando que ela não contribui «para a solução dos problemas nacionais». O argumento começa por ser estúpido porque, que eu saiba, o PCP não atribuiu uma finalidade tão directa e imediata ao seu recurso a este instrumento parlamentar, antes o apresentando como a projecção e tradução para as instituições do movimento de áspero descontentamento e viva indignação em relação ao governo e à sua política. 
Teria feito bem melhor Carlos Zorrinho em não recorrer a esse argumento. É que assim sujeita-se a que eu diga ironicamente que, como todos sabemos e vemos, já as importantes convergências do PS com o PSD e o CDS bem como as suas ocasionais mas frequentes abstenções violentas, essas sim tem sido grandes contribuições para a solução dos problemas nacionais, como se vê desde  primitivo memorando com a troika à legislação laboral, passando pelo Tratado Orçamental e por aqui me fico num rosário que seria tristemente longo. Como todos sabemos e vemos, aí ou de cada vez que Seguro ou um qualquer Zorrinho abre a boca vemos logo o desemprego a baixar, o crescimento económico do país a arrancar, os direitos dos trabalhadores a serem protegidos e o desespero e amargura que percorrem grande parte da sociedade portuguesa a esvairem-se ligeiramente.
Vá lá, Zorro da minha infância, salta das páginas dos quadradinhos ou do ecrã dos cinemas e vem castigar estes zorrinhos.

Estudo do Pew Research Center

A quem interessar





Há dias, uma peça em El País fazia largas referências a uma sondagem sobre a crise europeia realizada pelo norte-americano Pew Research Center que, embora abrangendo apenas oito países da UE, integra diversos dados que podem interessar a quem se costuma interessar por este  tipo de coisas. O estudo está disponível, na íntegra e em PDF, aqui. Alguns quadros, um pouco à sorte :









A magia de uma arte em 1.53 m.

Bring on the ballerinas





imagens de Zach Cross em The New Yorker

19 junho 2012

Patrões e lacaios em cargos de Estado

Cínico e Pilatos até mais não !



E mais não digo para não faltar ao respeito ao venerando Chefe de Estado.