25 outubro 2015

«Inegociáveis» diz ela


Descoberto na cave de Teresa
de Sousa o 11º mandamento !




No Público de hoje, escreve Teresa de Sousa, igual a si própria : «Cavaco tinha e tem o direito e o dever de lembrar aos principais partidos políticos que há coisas inegociáveis, como o destino europeu do país sufragado em todas as eleições, do qual PCP e BE se auto-excluíram. Desse destino faz parte a pertença ao euro, que está hoje no centro da integração europeia. A opção estratégica pela Europa envolve igualmente uma componente atlântica, que sempre fez parte da nossa identidade (mesmo que ultimamente bastante descurada pela coligação). Relembrar isto tudo seria útil.
Já se está farto de saber que nenhuma destas coisas que Teresa de Sousa clama serem «inegociáveis» não está em negociação entre PS, PCP, BE e Verdes. Mas outra coisa e, a meu ver, de estrondosa gravidade, é alguém vir dizer que aquelas coisas são «inegociáveis» por definição. Na verdade importa perguntar; porquê ? Com que fundamento ? Será que quem diz isto nos quer dizer que aquelas coisas são factores identitários da República Portuguesa, acima da Constituição da República, da soberania democrática e da eventual vontade dos portugueses ? São o resultado de algum decreto divino ou surpreendente 11º Mandamento ?

A não ser por golpe de Estado ou instauração de uma ditadura, o que poderia  impedir um governo e uma maioria parlamentar futuros de, por hipótese, desencadearam os processos, referendários ou não, de dissociação de Portugal daquelas «coisas» ? 

P.S.1:Por ser raro, honra seja feita ao Público que, pelo menos na sua edição online, no fim de uma peça dedicada a saber se o CDS teve ou não um «deriva antieuropeista», publica esta nota final: 

P.S. 2:Contra as carradas de falsificações circulantes, aproveito para esclarecer que no Programa Eleitoral do PCP está a defesa da «dissolução da Nato» (aliás, de acordo com o artº 7º da Constituição) mas não está nenhuma defesa de uma saída unilateral de Portugal da NATO.

P.S.3: Para quem não saiba, a Constituição diz, no nº 6 do artº 7º  que «Portugal pode» e não que Portugal convenciona» :  «Portugal pode, em condições de reciprocidade, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático e pelo princípio da subsidiariedade e tendo em vista a realização da coesão económica, social e territorial, de um espaço de liberdade, segurança e justiça e a definição e execução de uma política externa, de segurança e de defesa comuns, convencionar o exercício, em comum, em cooperação ou pelas instituições da União, dos poderes necessários à construção e aprofundamento da união europeia

1 comentário:

  1. Este miserável "destino europeu do país sufragado em todas as eleições" foi alguma vez alvo de debate sério sobre vantagens e prejuízos e sufragado pelos portugueses? Porque decidiu a direita do pensamento único e o ps fugir a esse indispensável exercício democrático?
    Esta sumidade está careca de debitar ao serviço dos muito ricos e do poder da arrogância do dinheiro. É muito sensível aos problemas dos privilegiados, despreza o povo e os que auferem à volta do salário mínimo. Uma triste, entricheirada nas mordomias adquiridas, serviçal dos "mercados"/alta finança.

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