Apresentando uma factura
a certos anticomunistas
a certos anticomunistas
"Cem anos. Tantos anos!
"Com a chegada dos dias santos
de Setembro a Novembro, começam
as comemorações. Na Praça Vermelha,
em Moscovo, com pouco lustro
e ainda menos entusiasmo.
Na Praça Kim Il-sung, em Pyonyang,
com aprumo e disciplina.
Na Praça da Revolução, em Habana,
com rum e saudades de Fidel.
Na Quinta da Atalaia, na Festa do Avante!,
com música e bifanas. E pouco mais."
de Setembro a Novembro, começam
as comemorações. Na Praça Vermelha,
em Moscovo, com pouco lustro
e ainda menos entusiasmo.
Na Praça Kim Il-sung, em Pyonyang,
com aprumo e disciplina.
Na Praça da Revolução, em Habana,
com rum e saudades de Fidel.
Na Quinta da Atalaia, na Festa do Avante!,
com música e bifanas. E pouco mais."
António Barreto no "DN"
Em curiosa coincidência temporal com o Portocarrero do «Observador», António Barreto perpetra hoje no DN o seu 159º julgamento sumário e epitáfio do «comunismo».
Não, não vou discutir um texto que celebra o século das independências coloniais mas se esquece da contribuição da URSS para isso. Não, não vou discutir um texto que, no fundo, equipara nazismo e comunismo mas se esquece de quem deu a maior contribuição militar, e com mais sacrifícios e mortos, para a derrota do primeiro. Não, não vou discutir este bafiento truque de reduzir a luta heróica dos comunistas de todo o mundo, desde logo com as resistências europeias ao fascismo e ao nazismo, à história e percurso da URSS e de outros países de Leste feitos de epopeias e tragédias.
Não, nada disso. vou sim escrever algo que ando há muito tempo para lembrar por causa deste e de outros Barretos, ou seja, de alguns que foram comunistas e depois ( casos há como o de Barreto que até começou por sair pela «esquerda») se tornaram ferozes anticomunistas.
É que ninguém nasce reaccionário ou fascista ou antifascista e democrata. Ora muitos destes Barretos o que nunca contam é como, no Portugal de Salazar, se tornaram democratas. Excluindo os casos de influência familiar directa, o que bem se pode dizer é que muitos deles, com alta probabilidade, se tornaram democratas porque em determinado momento das suas vidas tomaram contacto com uma qualquer ou várias das expressões da radicação e influência do PCP na sociedade portuguesa, seja uma colectividade, uma associação de estudantes, um cineclube, um suplemento literário, uma campanha eleitoral da oposição democrática, etc., etc.
Se não estivessem toldados pela cegueira e ódio anticomunistas, podiam ao menos agradecer ao PCP e ao famoso «comunismo» o facto de, chegado o 25 de Abril, terem podido ser, dizer-se ou apresentar-se como democratas.
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