Em artigo ontem perpetrado no Público com a patente missão de insuflar optimismo na comunidade nacional, como se vê pelo respectivo título «O mundo não está assim tão mal, e Portugal também não», José Manuel Fernandes, para chegar onde pretende pratica uma série de truques argumentativos que vão desde o citar algumas afirmações pessimistas mais excessivas ou menos ponderadas para depois poder concluir que afinal ainda não estamos no Terceiro Mundo até à gritante desonestidade de jurar, por exemplo, que «os "cortes" [é ele que aqui usa aspas!] salariais e nas pensões afectaram sobretudo em Portugal os rendimentos médios ou mais elevados, o que fez diminuir o rendimento disponível mas não afectou de forma dramática os rendimentos mais baixos. De resto, basta lembramo-nos que os cortes salariais e os cortes nas pensões foram progressivos e que, no caso dos reformados, mais de quatro em cada cinco, os mais pobres, não viram sequer o seu rendimento afectado (...)».Ao vender-nos estas ideias, como é óbvio, José Manuel Fernandes esquece-se deliberadamente de várias coisas, desde o facto de aquilo a que em Portugal muitos colunistas chamam rendimentos médios» serem de facto baixos rendimentos até ao facto de o rendimento dos mais pobres ter sido realmente afectado pelo aumento de impostos e eplos aumentos de preços de bens e serviços essenciais (com destaque dramático em muitos reformados para o aumento dasrtendasde casa !). E isto para já não falar em todos aqueles milhares que perderam o remdimento social de inserção ou nos 400 mil desempregados que não recebem qualquer subsídio.
E, pronto, devo confessar que sempre me recuso a julgar automaticamente as opiniões que alguém emite pelo seu estatuto social, padrão de vida ou de rendimentos. Mas também confesso que, cada vez que leio artigos como este de J. M. Fernandes, me vem sempre à cabeça uma pergunta : porque é que nos jornais, nas rádios e nas televisões nunca encontro nenhum cidadão ou cidadã que ganhe menos de mil euros a dizer que as coisas não estão assim tão más ?
José Manuel Fernandes (o que me custou a escrever este nome) é só mais um que faz serviço para o grande capital, coitado não consegue levar a vida de outra maneira.
ResponderEliminarVem aí o "Observador" e o marmelo (eu sei, isto é plágio)faz parte do projecto. Aquilo é que vai ser "observar".Dizem eles que é 100% português.Não dizem mas,nós sabemos que que o objectivo é dar mais artilharia aos direitolas nas próximas TRÊS eleições, que serão decisivas para o nosso futuro colectivo. Do projecto fazem parte "os que se conhecem" os fotogénicos:Alexandre Relvas, António Carrapatoso, João Talon, António Pinto Leite,e Filipe Botton. Não andará nenhuma fundação a abraçar o projecto?
Como é possível dizer que Portugal não está assim tão mal com o descalabro económico que cada vez atinge mais portugueses e usar como referência o crescimento económico da Índia?!!! Então crescimento económico não quererá dizer melhoria do nível da vida dos cidadãos?
ResponderEliminarOnde está essa melhoria em Portugal, na Índia e por esse Mundo fora?
Um abraço.