29 abril 2012

Aos 93 anos

Chavela Vargas publica
livro-disco sobre Garcia Lorca






Robin Hood ao contrário ou...

... a inesquecível
«repartição de sacrifícios»



Manchete do CM


28 abril 2012

Porque hoje é sábado (269 )

Candido Fabré y su Banda


A sugestão musical de hoje é dedicada
ao conjunto cubano
Candido Frabré y Su Banda.



27 abril 2012

Mais palavras para quê ?

Que bela vida !


Título na 2ª página do Público ilustrando um trabalho de João Ramos de Almeida.Não percebi se os 600 euros são ilíquidos ou líquidos. Se forem ilíquidos e se também abrangerem os elevados descontos para a segurança social de trabalhadores independentes, então estão à beira da miséria.

26 abril 2012

A grande e cavacal panaceia

A imagem externa
(e o inferno interno) de Portugal



Escolhendo o tema em título (sem o parêntesis) como a grande tónica do seu discurso na AR, o Presidente da República ofereceu como se calcula um grande suplemento de esperança às centenas de milhar de desempregados, às pequenas e médias empresas afogadas em dificuldades e em dívidas, às centenas de milhar de reformados agredidos brutalmente, à generalidade dos trabalhadores com direitos. salários e regalias mutilados.

Em vez deste triste espectáculo de um PR na estratosfera, preferia de longe que o governo comprasse mais páginas favoráveis no Financial Times ou no Economist (Salazar comprava páginas no Aurore) ou mesmo que Cavaco Silva anunciasse uma digressão contínua de um ano por esse mundo fora. Já chega de gozo.



No «El País»


A melhor mensagem sobre
a manifestação de Lisboa




25 abril 2012

25 de Abril


Ainda e sempre no nosso coração, 

na nossa luta e na nossa esperança




CHOVE!



Chove...



Mas isso que importa!,

se estou aqui abrigado nesta porta

a ouvir a chuva que cai do céu

uma melodia de silêncio

que ninguém mais ouve

senão eu?



Chove...



Mas é do destino

de quem ama

ouvir um violino

até na lama.


José Gomes Ferreira


«(...)Permitam que saúde a festa de Abril nesta Assembleia da República, que não poderá deixar de ser, como são hoje as ruas e praças de Portugal, uma casa de Abril. Permitam que alguém que era alferes miliciano, com a emoção que ainda hoje sinto, lembre e saúde o meu Quartel, a Escola Prática de Serviço de Material, a EPSM de Sacavém, os seus soldados, sargentos e capitães, com quem vivi dias memoráveis. E que saudando os militares de Abril, o MFA, o glorioso Movimento das Forças Armadas, lembre por todos, Vasco Gonçalves, que foi soldado, capitão e general deste povo que não o pode esquecer! Já quase tudo foi dito sobre essa manhã clara e vibrante, quente e luminosa, desse Abril, já tão longe e ainda tão perto, da nossa razão, do nosso sonho, da nossa vida. Dessa manhã amada e armada dos sinos da nossa liberdade colectiva. Dessa alvorada, manhã depois da noite do fascismo. Desse parto e porto de alegria, depois da triste escuridão de opressiva ditadura. Desse sonho acordado e acendido depois de milhares de dias de medos e tormentos, de dores e sangue, de separação e ausências, desses dias cheios de grades, que era “vestido para todas as idades”. Dessa manhã, foz do rio de lutas, de coragens desconhecidas, de mulheres e homens assumidos, de paciências insuspeitas e corrosivo desfilar de desespero, de impotência, do escoar dos dias na desesperança da vil tristeza em que vivia este povo. (...)»  
Verdes Anos de Carlos Paredes

Hoje no «Público»

Ruben de Carvalho
sobre Miguel Portas






24 abril 2012

Triste e dorida notícia

Adeus, Miguel


Confirmando de forma demasiado rápida o mau pressentimento que algumas das suas palavras numa recente entrevista na televisão me tinham criado, chega a notícia cortante e gélida da morte de Miguel Portas, aos 53 anos de idade.  Tinhamo-nos encontrado e falado na manifestação da CGTP no Terreiro do Paço e foi a última vez. E hoje, a propósito da sua morte, não me apetece escrever nada de elaborado. Conhecíamo-nos há imenso tempo e sabe-se dos percursos de cada um. Acho que éramos amigos sólidos embora distantes, o que não é  nada incompatível com o facto de, nos últimos 20 anos, muito termos lealmente espadeirado sobre as concepções ou afirmações de um e outro. Para mim, ele foi sempre, sem mais, o Miguel.

Alecrim e manjerona

«Agarrem-me,
se não eu mato-o !»


Definitivamente, o choradinho da UGT sobre o incumprimento do acordo quanto a crescimento económico e emprego é tal e qual o adicional ao tratado europeu defendido pelo PS: primeiro aprovam todas as medidas ostensivamente conducentes à recessão e ao desemprego e depois, grandes artistas, queixam-se que está a fazer sol no nabal e a chover na eira.

Simplismos envenenados

E que tal uma volta ao
bilhar grande, senhora politóloga ?



Ouvida pelo Público a respeito do Manifesto da Associação 25 de Abril, a politóloga Marina Costa Lobo resolveu adiantar que (sublinhado meu) «não se pode dizer que a democracia esteja suspensa como parece ser a mensagem do manifesto da Associação. Porque o acordo [com a troika] foi legitimado nas urnas e essa verdade não pode ser esquecida.»

Lamento escrevê-lo a respeito de Marina Costa Lobo mas a verdade é que um politólogo ou académico escrupuloso, sensato e sério não pode falar assim com tamanho simplismo, transportando para um voto em legislativas tudo o que lhe apetecer ou convier a outros. Recomendo a Marina Costa Lobo que rebobine o filme das últimas legislativas passando em revista as tónicas de campanha e os discursos de Passos Coelho e Portas e que, no fim, nos venha honestamente contar quanto de gravoso, agressivo e insuportável não entrou nos apelos ao voto do PSD e do CDS.

23 abril 2012

Quando falar só piora

Dissuasão ou incentivo
às provocações ?



O DN, que desde há algum tempo, desempenha um certo papel nas operações de contra-informação da Polícia,  ostenta hoje esta manchete que provavelmente Miguel Macedo ou altos responsáveis pela PSP verão como um acto mediático de legítima tentativa de dissuasão. Não vejo as coisas assim: nos tempos que correm parece-me mais um acto de acirramento dirigido a provocadores conscientes ou inconscientes e, além do mais, pode colocar desnecessariamente milhares de participantes nas manifestações do 25 de Abril na expectativa do que vai acontecer. E nisto para já não falar que também pode projectar compreensivelmente algum nervosismo sobre os organizadores da manifestação de Lisboa.

Manifestação na Av. da Liberdade que tem as caracteristicas específicas que decorrem da data que celebra e que, segundo as minhas contas ou memória, já se realiza há 33 anos, sendo oportuno informar alguns que ela não ocorre espontaneamente ou só por tradição, antes tem desde sempre uma comissão promotora que por ela é responsável e que integra designadamente a Associação 25 de Abril, o PCP, o PS, os Verdes, o BE, a ID, a CGTP, a UGT, etc., etc.

Já que, pelos vistos, em círculos governamentais ou policiais ainda não se quis perceber que há coisas que se fazem com discrição e sentido da medida em vez de as proclamar em manchetes de jornal, resta às outras partes envolvidas guiarem-se por firmeza, serenidade e lucidez.

Sociologia eleitoral

Nos bastidores dos votos em França




A ver aqui


Resultados finais:I  : 44.382.905; V  : 35.709.299; E  : 35.018.520; Abs : 19,54%; Eva Joly 791.056  2,26%; Marine Le Pen 6.344.097  18,12%; Nicolas Sarkozy 9.479.515  27,07%; Jean-Luc Mélenchon 3.887.639  11,10%; Philippe Poutou 404.525  1,16%; Nathalie Arthaud 199.585  0,57%; Jacques Cheminade 86.963  0,25%; François Bayrou 3.189.257  9,11%; Nicolas Dupont-Aignan 632.847  1,81%; François Hollande 10.003.036  28,56%.

22 abril 2012

1ª volta das presidenciais francesas

Sarkozy em apuros,
alternância à vista




Se os resultados reais e finais confirmarem ou se aproximarem destas previsões, então talvez se possam fazer os seguintes comentários imediatos:


1. François Hollande (que foi obrigado pelas circunstâncias a faer uma campanha mais à esquerda do que as orientações passadas (e provavelmente futuras) do PS francês, será o mais votado e disputará a 2ª volta com Sarkozy que obtém um resultado nada vistoso para um Presidente em exercício (menos 4 ou 5 pontos do que na 1ª volta de 2007).

2. Marine Le Pen (que Melenchon combateu mais do ninguém [*]) será o terceiro candidato mais votado (subindo 3 pontos em relação às últimas sondagens), num resultado que tem tanto de notável como arrepiante e que só surgirá como inacreditável para quem nunca queira ter percebido que a Frente Nacional é uma realidade política detestável mas sólida e socialmente enraizada. Atente-se que este partido mantém sistematicamente ao longo de duas décadas altas ou significaticvas percentagens de votos apesar de administrativamente ficar sempre excluída do Parlamento e perguntemos quantas forças políticas e eleitorados resistiriam eleitoralmente tão bem a uma tão longa exclusão do Parlamento.

3. Jean- Luc Melenchon, a grande revelação desta campanha e candidato do Front de Gauche (coligação que reune o PCF, sua força principal, e o Parti de Gauche do próprio candidato) não chegará ao que as sondagens lhe chegaram a atribuir mas alcança, naquelas condições concretas, um excelente resultado. Embora agora o seu candidato não fosse membro do Partido e não cuidando agora das questões que se poden vir a colocar com a evolução do Front de Gauche em relação com a  identidade de e afirmação própria do PCF, a verdade é que, com este resultado, o PCF sacode uma antecedente e preocupante trajectória em presidenciais (M-G Buffet 1,9% em 2007; R. Hue 3,37% em 2002; R. Hue 8,64 em 1995 e André Lajoinie 6,76 em 1988). O resultado de Melenchon, para além de algumas condicionantes que possa representar para um provável mandato de Hollande, projecta sobretudo para o Front de Gauche uma dinâmica de confiança e esperança para as próximas legislativas de Junho (embora nunca integralmente reflectidas no número de deputados por força do iníquo sistema eleitoral).

4. O «centrista» F. Bayrou, após cinco anos de ziguezagues, indefinições e equilibrismos do seu Modem, obterá um score de cerca de metade do que teve em 2007 e  a candidata verde, Eva Joly subirá 0,8% em relação ao candidato verde em 2007.

5. A extrema-esquerda representada nestas eleições por Nathalie Artaud de Lutte Ouvriére e por P. Poutou do NPA volta a resultantes ínfimos, o que revela sobretudo a erosão e ocaso do fenómeno NPA/Besançon (4,8% em 2007).

6. Se não houver surpresas que desmintam dados de anteriores sondagens, François Hollande deverá ganhar a 2ª volta graças sobretudo à contribuição da esmagadora maioria dos eleitores de Melenchon e ao facto aventado de Sarkozy mobilizar apenas cerca de metade do eleitorado de Marine Le Pen e F. Bayrou.

7. No fim da 2ª volta das presidenciais francesas, provavelmente não sairá nenhuma perspectiva de uma mudança real e profunda das políticas e opções até agora dominantes mas abre-se o horizonte de melhores condições para o prosseguimento dessa luta essencial e indispensável.


[*] Jean-Luc Melenchon declarou mesmo esta noite o seguinte : «Reconnaissant que "l'extrême droite est à un haut niveau", M. Mélenchon a jugé qu'il avait eu "raison de concentrer notre campagne sur l'analyse et la critique radicale des propositions de l'extrême droite, si nous ne l'avions pas fait peut-être le résultat de ce soir serait encore plus alarmant". Il a également critiqué à la fois gauche et droite sur cette question : "Nous nous sommes sentis seuls à certains moments dans cette bataille, l'un imitait l'autre ignorait. Honte à ceux qui ont préféré nous tirer dessus plutôt que de nous aider."


21 abril 2012

"Tamanha paz social"

O gosto da caricatura 
se não for coisa pior


Em crónica no Público de hoje, embora suponha que num sentido irónico e veladamente crítico, a jornalista Leonete Botelho escreve designadamente (sublinhados meus): «Os portugueses são o orgulho deste Governo. Poucos executivos na Europa conseguiriam aplicar esta receita de austeridade com tamanha paz social como a que proporcionamos ao espectáculo político mundial. É preciso aprovar um orçamento (dois, com o rectificativo) cujo resultado líquido é menos um quinto do rendimento para as famílias ? O PS resmunga, mas subscreve. É preciso mudar as leis laborais e caminhar para instituir a precariedade como regra geral do trabalho? A UGT refila, mas subscreve. A CGTP marca uma greve geral ? O povo critica os grevistas [portanto, os grevistas não são povo !, concluo eu], a polícia carrega sobre os manifestantes e nada mais faz história.(...) Os portugueses estão totalmente  dispostos a fazer sacrifícios , porque é pelo sacrifício que se redimem os pecados. A austeridade foi elevada à categoria de fatalidade de que só sofrimento salva . Há algo de sagrado neste desígnio, e os portugueses estão dispostos, disponíveis e à disposição. Do Governo, da troika e dos mercados. Amén.».

Feita honestamente esta longa citação, só me apetece dizer três coisas breves (que, por serem assim, revelam aliás alguma falta de paciência):

1. A mim, não me passa pela cabeça proclamar que a contestação social esteja ao nível da excepcional e nunca vista gravidade dos ataques e agressões que a maioria da população tem sofrido assim como não ignoro, nesse âmbito, todos os reflexos negativos da chamada «psicologia de crise».

2. Mas isto é uma coisa e outra completamente diferente - porque preconceituosa, cega, ligeira e acabando por levar a água ao moinho da política que se parece criticar- é falar de uma «tamanha paz social».

3. Por ser sábado, não me apetece fazer a lista de todos as lutas, acções de protesto, manifestações e greves ocorridas contra a política e medidas deste governo e também não me apetece fazer a longa lista daquelas a que o Público não ligou nenhuma ou menorizou.

Presidenciais francesas

Como cá não votamos,
não faz mal falar hoje do
que não está nada simples





Com referência a diversas sondagens e estudos, o El País publica hoje uma peça sobre o estado de espírito e assinalável volatilidade de uma grande fatia do eleitorado francês que vale a pena ler porque, quem sabe, ajudará a entender melhor o que se vai saber domingo à noite (atenção que não haverá sondagens à boca das urnas). Um extracto :


O mais interessados em sociologia política e eleitoral podem consultar aqui este estudo do CEVIPOF







Entretanto, o Libération, já fora da campanha, respondia hoje assim ao cartaz de Sarkozy :
não está mal desarrincado,
não senhor

Tal como a pescada, antes de ser já o era

Mas francamente
estavam à espera de quê ?




Sim, isto só pode ser surpresa
para governantes que acreditam
 em contos de fada.

Porque hoje é sábado ( )

Mariah McManus


A sugestão musical de hoje
 propõe a cantora indie norte-americana
Mariah McManus, cujo último
 álbum se intitula Nice To Meet You.



Nice to Meet You

20 abril 2012

Ouçam com atenção a portuguesa

Sofia Ribeiro






 "Os Teus Olhos" - canção a integrar
 no seu novo álbum "Ar" 
com produção, arranjos e piano
 de Juan Andrés Ospina

Apelo de intelectuais

Se não conhece,
é tempo de conhecer este


(texto integral aqui)

signatários 

A dois dias da 1ª volta

Se o Libération pergunta assim...

... e responde assim...
affolées= enlouquecidos, transtornados, desnorteados
  
... então conviria mais
a resposta de  
L' Humanité




Desculpem lá mas...

... se uma revista séria 
pode perguntar assim...




... então eu posso responder assim:




Mais cenas americanas no Afeganistão

As fotos que a Administração
Obama não queria ver publicadas



Ler aqui 

18 abril 2012

Quando a vida chega à Assembleia

Ontem no Jornal
da Noite
da SIC ...



Aqui, a partir dos 5 minutos.

... e hoje, na AR, em debate
promovido pelo PCP



A precisarem de um trapo encharchado

Um vendaval ou
furacão de agressões



Esta manchete de hoje do Público suscita-me em curto três observações principais:


- a primeira é que não tenho a menor dúvida de que nunca, a partir do 25 de Abril de 1974, se assistiu a um tão frenético e quase diário vendaval de medidas ou planos de agressão aos direitos e condições de vida dos portugueses, a tal ponto intenso e avassalador que ainda não se teve tempo para articular politicamente uma resposta ou linhas de defesa sobre uma e já outra está em cima da mesa, o que constitui na acção política de oposição uma dificuldade assinalável;

- a segunda é para descer ao concreto e traduzir por miúdos a intenção ou plano anunciados na manchete do Público, explicando que, por exemplo, um trabalhador de 50 anos, despedido com 30 anos de antiguidade receberia, na melhor das hipóteses, 300 dias de indemnização, ou seja 10 meses de salário em vez dos 900 dias (30  meses) até há pouco em vigor, ou seja ficaria com um plafond de rendimentos para enfrentar a sua mais que provável dificuldade em encontrar emprego rapidamente esgotável.

- a terceira é que, tendo toda a obrigação de o saber, porque trabalhei de Novembro de 1971 a Junho de 1974 no Sindicato dos Caixeiros de Lisboa onde todos os dias fazia essas contas, não consigo garantir se, nas vésperas do 25 de Abril, a indemnização por despedimento era de 15 dias ou de um mês por ano.  Seja como for, uma coisa é absolutamente certa e indiscutivel: o que o governo agora anuncia ou planeia é um recuo em relação à própria legislação laboral dos últimos anos do fascismo. E assim fica quase tudo dito.

17 abril 2012

Juan Carlos, o elefante e a cadeira

Diz-me o calibre da bala,
dir-te-ei o calibre do Rei


Os interessados podem ler aqui uma saborosa revista de imprensa sobre este momentoso assunto assinada por José Maria Izquierdo no El País. Eu, por mim, não conseguindo imaginar que no Botswana, o encontro de Juan Carlos com a caça grossa decorresse num cenário de coragem  tipo «duelo ao pôr do Sol», só me resta expressar sentidas condolências às famílias  enlutadas dos animais abatidos.
E, entretanto, apreciem esta crónica no mesmo jornal da escritora Rosa Montero:



No este Rey

La crisis arrecia y tal vez no sea el momento de cambiar el sistema. Pero sí podemos cambiar a este Borbón: que se vaya

En las críticas contra el Rey de estos días suele haber una frase agradeciéndole “sus grandes servicios al país”. Se refieren a que en el 23-F apoyó la democracia. Yo creo que al defender la legalidad simplemente hizo su deber, así que eso de los “grandes servicios” me parece una hipérbole cortesana. Pero vale, vamos a agradecérselo, porque desde luego lo podría haber hecho mucho peor, como tantos monarcas que la pifiaron a lo largo de la Historia.
Siempre pensé que tanto la monarquía constitucional como el sistema presidencial tienen sus pros y sus contras. Pero desde que he visto las fotos del Rey convertido en un vetusto Gran Soberano Matarife en África (más parecido a Idi Amin que a la Reina Margarita de Dinamarca, por poner un ejemplo), me ha entrado un frenesí republicano. Ya se sabía que era cazador; ya se habló en 2006 del supuesto oso domesticado, que, según un funcionario ruso, le habrían echado al Rey en Rusia para que lo matara. Pero que ahora, justo ahora, salgan a la luz las opulentas carnicerías, los búfalos a pares y los elefantes convertidos en un muro rugoso de carne ensangrentada, es algo indecente e indignante. Por la burda ostentación económica en tiempos tan amargos; por la falta total de sentido de la realidad; por la irresponsabilidad. ¿Qué patológica inseguridad puede llevar a alguien a tener que matar un maravilloso elefante para reafirmarse? Por todos los santos, ¡pero si ya es Rey! ¿Qué más necesita para sentirse importante? ¿Montarnos una guerra? Me gusta el animalismo de la Reina y el Príncipe Felipe me cae bien. La crisis arrecia y tal vez no sea el momento de cambiar el sistema. Pero sí podemos cambiar a este Borbón: que se vaya. Mientras tanto, y para hacer dedos, echémosle de la presidencia ecologista de WWF: http://actuable.es/peticiones/que-rey-juan-carlos-i-deje-ser-presidente-honor-de.

16 abril 2012