03 outubro 2012

Resposta atrasada a José Neves

Para que se saiba


Neste post aqui (reprodução de artigo no i) do estimável e inteligente José Neves, datado de 27/9, consta o seguinte parágrafo (atenção à parte sublinhada):


Mais coisa menos coisa, na respectiva caixa de comentários, respondi-lhe assim (tendo-me então esquecido de explicar que, no corpo das manifestações, nunca vejo quadrados [*] nenhuns):


«Lamento que José Neves tenha caído no acinte e na difamação política ao escrever que «o partido parece cada vez menos capaz de sair do quadrado em que, nas manifestações, os seus próprios serviços de ordem tendem a encerrar os próprios militantes comunistas».

Embora com graus de certeza diferente (num caso, falo de outros, noutro falo de mim), há duas coisas que lhe posso garantir:

- a primeira é que, nas manifestações, os militantes comunistas não se sentem encerrados por coisa nenhuma e tudo o que nelas fazem é o que corresponde à sua cultura política e à sua vontade;

- a segunda é que, em 38 anos de manifestações, com excepção de um 1º de Maio em que fiz parte da delegação oficial do PCP, mesmo nos 14 anos em fui membro da Comissão Política, sempre andei pelas manifestações como mais me apeteceu, para baixo, para cima, para o lado  and so on.

Decididamente, um pouco menos de ligeireza era bonito e ficava-lhe bem.» 

[*] Talvez seja de lembrar que, na manifestação contra a Nato, quem queria um «quadrado» próprio era um certo grupo então muito apoiado por José Neves.

02 outubro 2012

Para a vossa noite

Cynthia Felton em
Sophisticated Lady 




Factos que dispensam comentários

Uma sequência descendente
que fala por si e explica muita coisa


2012 - governo PSD-CDS


manchete de hoje do CM

2009- governo PS /Ana Jorge



2006 - governo PS/Correia de Campos



DN de 22 agosto 2006

01 outubro 2012

Estou sem telefone, por isso, apelo urgente

Alguém que ligue já
para o INEM porque 
Junqueiro
sofreu um ataque brutal de amnésia !


Segundo as edições online, o deputado do PS, José Junqueiro (que somado a outros assim repetiu a cantilena pela 1256ª vez) acusou o PCP e  Jerónimo de Sousa de andarem «de mão dada com a direita» e de, ao votarem contra o PEC IV, terem trazido o governo actual.

Infelizmente as notícias são omissas sobre a magnífica explicação que Junqueiro terá adiantado para um partido como o PCP que tinha votado contra os três PECs anteriores (apoiados pelo PSD de mão dada com o PS) votar a favor do quarto nem sobre o dito deputado terá mencionado que votos e partidos se juntaram nesses três PECs, em vários Orçamentos de Estado e no agravamento do Código de Trabalho de Bagão Félix. Tudo parece indicar que, além de esquecer o tempo do «para dançar o tango são precisos dois», Junqueiro também se terá esquecido de mencionar, já no tempo deste governo, as atitudes do PS na votação do Orçamento de Estado, do novo agravamento do Código de Trabalho e no novo Tratado Orçamental europeu.

Portanto, a sério, alguém chame mesmo o INEM, se não daqui a pouco o homem até se esquece que é de Viseu.

Adenda: Face ao que Fernanda Câncio escreveu aqui , lamento ter de sugerir que a ambulância do INEM, à ida ou à volta do Junqueiro, passe também pelo DN (convém entrar pela Rua Rodrigues Sampaio).

Colónia, protectorado ou coisa ainda pior (se houver)

Portugueses - os últimos a saber


Os «indígenas» do Congo Belga ficaram a saber que  Sua Majestade o Rei Leopoldo II já aprovou certas medidas que os deixarão mais nus.

Por uma vez,

Palmas para a
«laranjinha» bichosa

Escrevendo cada vez mais como uma «laranjinha» bichosa, a historiadora Maria de Fátima Bonifácio termina hoje um seu artigo no Público bolsando uma série de insultos e desvarios políticos sobre o PCP e Jerónimo de Sousa e sobre a CGTP e Arménio Carlos.
Acontece que, vá-se lá saber porquê, ela me apanha hoje numa de boa vontade e elegância, pelo que aqui venho a correr dizer que ela tem tanta razão como quando, em artigo no mesmo jornal em 16 de Agosto deste ano, escreveu que «a União Soviética colocou um homem na Lua».

A morte de um importante pensador marxista

Eric Hobsbawm (1917-2012)


citação para a conjuntura:
 (1989)

Em certas coisas...

... o Correio da Manhã
não joga a feijões



O Correio da Manhã, jornal que muitas vezes é muito mais acutilante que os jornais ditos de referência em matéria social e de relevo crítico a medidas do Governo, e que já havia tratado as manifestações do 15 de Setembro pelo lado incidentes junto à AR (ver em baixo), conseguiu no domingo a proeza de remeter a manifestação do Terreiro do Paço para um cantinho no topo da primeira página. Nada que deva surpreender quem alguma vez tenha pensado 10 minutos seguidos no padrão e filosofia de um jornal como este. Repare-se que, até por razões estritamente comerciais ou de mercado, o mais natural teria sido que a manifestação do Terreiro do Paço ( e também a do 15 de Setembro) tivessem tido outro tratamento de 1ª página. O que acontece é que, em certas matérias, decididamente o Correio da Manhã não joga a feijões.

Capa do CM em 16 de Setembro

Entre Pacheco Pereira e este modesto escriba

A convergência numa ideia
central mas sem mais decorrências



Os casos aparente ou realmente inesperados de convergência ou similitude de opiniões entre pessoas de diversos quadrantes, sobretudo diferidas no tempo, excedem largamente o exemplo que vou dar a seguir. Bastaria, a este propósito, lembrar a quantidade de pessoas que actualmente desfilam pelos telejornais e pela imprensa, decalcando, com  mais ou menos nuances, e com mais ou menos variações de substantivos e adjectivos, aquilo que há ano e meio o PCP (então implacavelmente fustigado pelos epítetos de «radical», «irrresponsável» e «catastrofista»), advertiu sobre as consequências do memorando da troika e da política de austeridade.

De qualquer forma, isso não tira um certo interesse ao facto de, no seu último artigo no Público, em pedia desculpa por se ir citar tanto a si próprio, José Pacheco Pereira tenha subscrito a afirmação constante da imagem à esquerda. E tenha ainda, em referência a um certo caminho :«mas o governo não quis porque o seu caminho era levar a uma brutal queda dos salários, e a uma inversão das relações de força sociais, com carácter permanente».

Ora, pedindo também desculpa por me citar a mim próprio, quero lembrar que em 2.11.2011 escrevi eu aqui :



Relatada e constatada esta convergência numa ideia que, para mim, é central e nuclear, prudente será avisar que dela certamente Pacheco Pereira não tirará as mesmas decorrências que eu.