Os filmes em «cartaz» ( )

Street of Shame



Cartaz original e japonês do filme 
Street of Shame, realizado em 1956
por Kenzo Mizoguchi.




video da The New Yorker

30 março 2013

Não é que eu o desejasse...

... mas aqui fica o título que li
 ontem no i e o título que nunca lerei



já se sabia, o escrutínio quando
 nasce não é para todos

Porque hoje é sábado (319)

Gashcat

A sugestão musical de hoje destaca
 a banda pop norte-americana Gashcat.



29 março 2013

Grande campeonato

Os sócios Cavaco e Passos
Coelho em áspera luta pela
maior impopulariedade



no i

28 março 2013

Mais uma que não pode passar em claro

Uma frase de
Passos Coelho que diz muito



seria mais decente se rezasses do que
andares a fazer chantagem

Segundo o Público de hoje, Passos Coelho disse ontem no Porto, reportando-se aos «tempos históricos» que vivemos que «todos nós temos responsabilidaes na forma como lidamos com isso: tem o governo que não se pode distrair com aspectos menores, as instituições democráticas todas, o Parlamento que tem de ter responsabilidade, o TC que também tem de ter responsabilidade nas decisões que vier a tomar e no impacto que elas possam vir a ter no país»

E hoje, na AR,  a    deputado do PSD Teresa Leal Coelho ( sim. é a «piquena» que disse há tempos que os deputados eram pagos pela troika) acrescentou mais molho ao estufado, salientando que o TC deve ter em consideração  « o contexto econímico, o contexto financeiro, o memorando de entendimento»  e não certamente por acaso em último lugar «o direito europeu, o direito nacional».

Feitas honestamente as citações, só quero observar, recusando-me a detalhadas explicações ou a fazer o boneco, que incluir o Tribunal Constitucional no mesmo plano de responsabilidade do «governo», das «instituições democráticas» e do «Parlamento» é não só não perceber o que é um Tribunal Constitucional e  a especificidade do seu papel como é demonstrar um claro incómodo com princípios básicos do Estado de Direito democrático de que fala a Constituição da República.

E tudo isto desvendando e redundando manifestamente numa óbvia, descarada, ilegítima e repugnante pressão sobre o TC e as suas próximas decisões sobre normas do último Orçamento.


No Dia Mundial do Teatro

Lembrando Fernanda,
Fernanda Alves



Andaram bem o Teatro Nacional de São João e, em sequência, o Público de hoje, ao associarem a celebração do Dia Mundial do Teatro à evocação da extraordinária mulher e grande actriz e encenadora que foi Fernanda Alves (1931-2000). Mesmo que com isso me tenham feito lembrar do devastador desgosto e adeus à vida do Ernesto Sampaio que, antes de partir, ainda escreveu esse sofrido mas luminoso livro com o título «Fernanda».

E hoje o cantor francês

Jean-Louis Murat


t



Si Je Devais Manquer de Toi

26 março 2013

Passaram oito dias e...

... aos quesitos
disseram nada, nicles, zero !


Passaram oito dias desde que aqui, não desejando fazer juízos definitivos antes de obter certos esclarecimentos, dirigi oito perguntas concretas aos redactores ou principais promotores (não em geral  aos seus subscritores) do "Manifesto pela Democratização do Regime".

Não acreditando que nenhum tenha tomado conhecimento daquele meu post, passado este tempo, não dei por qualquer resposta àquelas perguntas, seja na caixa de comentários deste blogue (como seria natural) nem em outro lado qualquer.

Se este facto fôr verdadeiro e exacto e não posso nunca garantir que o seja porque não há meios infalíveis para isso, creio que é legítimo colocar em cima da mesa duas hipóteses:

- a primeira é que pessoas que resolvem levantar a bandeira da «democratização do regime» não prezam especialmente o contraditório e o debate democrático de ideias  e não sentiram nenhum impulso ou dever de responder a perguntas formuladas de forma séria e serena;

-a segunda é que os principais redactores ou promotores do citado Manifesto, não tendo resposta para aquelas minhas perguntas, assim demonstram que andaram tristemente a falar de coisas de que não sabem e a propor coisas sem lhe medirem as consequências ou efeitos.

Escolha o leitor a hipótese que prefere.

Tão bonito de se ver

Afinal o "trabalho colectivo"
não é coisa só de comunistas



25 março 2013

«Media» e comentadores ou...

... voltando à vaca morna


Porque o assunto não morreu e porque muitos leitores, na voragem dos posts, podem não ter reparado nele reproduzo aí em cima com novo grafismo o que já tinha publicado aqui com a patente intenção de marcar uma assinalável diferença com muitas opiniões em relação à questão dos comentadores políticos nas TV's e designadamente à contratação pela RTP de José Sócrates.

De caminho, aproveito para quatro anotações suplementares:

- a primeira é que se me parece estuporada a iniciativa do CDS de pretender chamar o director de informação da RTP a explicar na AR a contratação de Sócrates, já entretanto me parece que será inteiramente legítimo e irrepreensível se, por queixa de cidadãos ou iniciativa própria, a Entidade Reguladora da Comunicação Social examine esta e outras questões sobre o ângulo da garantia de um efectivo pluralismo na RTP;

- a segunda é para lembrar uma coisa que está esquecidíssima: é que, no senso corrente, pode ter-se instalado a ideia de que em matéria de pluralismo, o serviço público de televisão tem mais deveres do que os canais privados e que portanto estes poderiam beneficiar de uma menor exigência por parte dos cidadãos; ora acontece que essa ideia não tem qualquer fundamento pela simples razão de que a Lei da Televisão, quanto a deveres de pluralismo, não estabelece nenhuma diferença entre o serviço público e os canais privados que, recorde-se, existem não por vontade divina mas por concessão estatal;

- a terceira é que não estou disposto a dar um cêntimo que seja para esse cínico peditório de que os políticos não podem ser comentadores por serem conhecidas as suas opções enquanto jornalistas, professores universitários ou politólogos já teriam caído em pequeninos no caldeirão da independência e da isenção; digo mesmo que me sinto mais avisado e prevenido com um comentador que sei o que é politicamente do que com outros que me escondem as opções, ideias e alinhamentos que realmente têm ( como se vê e sabe quando começaram a escrever em blogues ou a aceitar cargos de assessores nos governos).

- a quarta é que, com a contratação simultânea de Morais Sarmento, a RTP volta a interferir descaradamente no jogo político, favorecendo, com eleições legislativas no horizonte, uma «bipolarização» PS-PSD que, entre muitas outras, incluiu o não esquecido antecedente dos debates semanais entre José Sócrates e Pedro Santana Lopes.

Por fim, resta-me assinalar que hoje, em artigo no Público, Correia de Campos, julgando que é a melhor, consegue adiantar a pior e mais incrível razão para a contratação de Sócrates. Escreve ele que «enquanto todos os dias o ex-primeiro-ministro é insultado, pretende-se ainda retirar-lhe o direito de se defender». Pelos vistos, o que seria coerente com esta estapafúrdia finalidade dos comentários de Sócrates na RTP seria propor  em sede de próxima revisão constitucional, que os ex-primeiros-ministros têm direito a programas de comentário político no serviço público de televisão para defender a seu bom nome e a sua pretérita acção governativa.

Meus Deus, como a parvoíce alastra impetuosamente !

Nem um cisco de vergonha na cara

Por favor, primeiro
mandem destruir os arquivos todos


Em 4 de Janeiro deste ano :


Num acto de infinita caridade, já não vou
 citar nem as palavras que os deputados
do CDS disseram nesse dia.

24 março 2013

Jornal do incrível

Público antecipa para
24 de Março 
revista de 1 de Abril



(capa  manipulada)

23 março 2013

Sobre a Aula Magna, o maior título de sempre

Uma memorável tarde de justa
evocação, grata memória, beleza,
arte, cultura e encanto vividos
emotivamente 
por causa de um sólido
compromisso de luta e de esperança



Algumas fotos e intervenção de Jerónimo
de Sousa na Sessão Cultural
 evocativa de Álvaro Cunhal aqui .

Em minha opinião, merecia uma rápida
 e generalizada divulgação  a corajosa
 e belíssima intervenção do
Prof. Sampaio da Nóvoa,
Reitor da Universidade Clássica de Lisboa.
(ver vídeo com extracto aqui)

Final do espectáculo, depois de
Grândola, Vila Morena ter sido cantada
por todos  com uma força e vibração
 como há muitos anos
 não ouvia
.

Aqui estão elas

A inolvidável "ruptura"
e a potente 
afirmação
de soberania nacional


na 1ª página do Expresso de hoje


Impressionante: António José Seguro tem medo que o FMI, o BCE, a UE e a Embaixada dos EUA (!!!!!) não leiam a imprensa portuguesa e vai daí  escreve cartas a tranquilizar os «protectores» do «protectorado». Pior talvez: uma coisa é saber-se que uma moção de censura não vai ser aprovada dada a maioria parlamentar existente; outra, é apresentar uma moção uma moção de censura e declarar em simultâneo que «eleições não são prioridade». Dizer isto é exactamente o mesmo que confessar que, se a moção de censura pudesse ser aprovada, nunca o PS a teria apresentado. Como se vê, estamos bem servidos.

Porque hoje é sábado (318)

Aidan John Moffat

A sugestão musical de hoje vai para
 o cantor escocês Aidan John Moffat.





City of Love

Óscar Lopes e João Honrado ou ...

... na morte de dois
queridos camaradas

No mesmo dia, chega a notícia, triste como sempre, da morte de Óscar Lopes e de João Honrado, dois homens verticais e corajosos que, com formações, personalidades e percursos diferenciados, tinham em comum a pertença por muitas e muitas décadas à vida, à história e à intervenção do PCP na sociedade portuguesa. Porque João Honrado, antigo empregado de escritório, alentejano de quatro costados, e funcionário clandestino e depois legal do PCP, por sinal também dado às letras , compreendia perfeitamente a importância  e o papel de um grande intelectual e destacado vulto da cultura nacional como Óscar Lopes (que, ainda adolescente, comecei a ler no suplemento cultural de «o Comércio do Porto») e porque Óscar Lopes compreendia a importância e valor de combatentes menos conhecidos como o João Honrado é que me sinto à vontade para os juntar aqui nestas pobres mas doridas palavras de despedida.

A moção de censura do PS

Lá teve de ser, não é ?


Para falar com inteira franqueza e genuina convicção, terei de dizer que esta moção de censura do PS é uma iniciativa de cuja sinceridade é legítimo duvidar tendo em conta que o PS não votou as anteriores apresentadas pelo PCP e pelo BE e tendo em conta o indecente comportamento do PS ontem no debate do projecto de resolução apresentado pelo PCP a favor da demissão do governo.

P.S.: Já quanto à «gritaria» do PS sobre o aumento do salário mínimo nacional, peço desculpa por me recusar a fazer política sem memória. Por isso, volto a lembrar que há apenas dois meses e meio as coisas eram assim.

21 março 2013

O PCP hoje na AR

Não é um simples grito de alma,
é uma
inadiável exigência popular



"É preciso acabar com este governo
e com esta política,
antes que acabem com o País."

Francisco Lopes, hoje na AR
(Aqui, projecto de Resolução do PCP
 discutido hoje na AR)




Bernardino Soares, hoje na AR
(ou aqui)

Grande jogada

Ó (r)Elvas, Ó (r)Elvas, perdão,
ó Seguro, ó Seguro, Sócrates à vista


Declarações politicamente correctas:

António José Seguro : «Ter sido primeiro-ministro não se pode converter numa capitis diminutio de um cidadão no exercício dos seus direitos de intervenção no espaço público e na intervenção política. Estou certo que o meu camarada José Socrates virá enriquecer e dar mais diversidade ao panorama do comentário político em Portugal».

Miguel Relvas: « Não fui previamente informado ou consultado sobre esta escolha que pertence exclusivamente aos órgaos da RTP com competência nesta matérias. Jamais interferi e jamais interferirei  na autonomia da RTOP em matéria de informação e programação».

José Sócrates: « Não percebo o espanto por eu não ir ter qualquer remuneração pelos comentários que passarei a fazer na RTP. Julgava eu que, num tempo em que se procura diminuir e achincalhar todos os políticos, se entendesse que, desta forma, procuro sinalizar que há quem seja capaz de se mover apenas pelo gosto de contribuir para a reflexão colectiva sobre os problemas do país.»

Desabafo de um telespectador
"comum" após o primeiro programa
« Não fixei nada do que ele disse,
só sei que voltou !»


20 março 2013

Há 10 anos, começava a guerra contra o Iraque

Um texto que vale a pena ler


A primeira página do Avante!  dedicada à grande manifestação de 15 de Fevereiro realizada em Lisboa e em cuja primeira fila desfilaram Carlos Carvalhas, Mário Soares, Maria de Lurdes Pintasilgo e Francisco Louçã. Ferro Rodrigues não compareceu porque à mesma hora teve um encontro com Durão Barroso, então primeiro-ministro.

Juan Diego Botto*
Se cumplen diez años de la invasión de Irak. Diez años de aquel acto ignominioso que produjo cientos de miles de muertos y millones de desplazados, aquella guerra que destrozó todas las estructuras sociales que sostienen un país. En su momento, la invasión fue descrita como un golpe de Estado internacional. EE UU y sus escasos aliados se enfrentaban al mayor rechazo jamás organizado contra una guerra, muy por encima incluso del que en su día se vivió contra la intervención norteamericana en Vietnam. Quizá por ello pusieron todo su poderío propagandístico, político, diplomático y militar encima de la mesa para ganar una batalla que para ellos tenía tanto valor estratégico y económico como simbólico. Torcieron la ley internacional con mentiras de corto recorrido para entrar a sangre y fuego en el país donde, entre el Tigris y el Éufrates, nació nuestra civilización.
No creo estar exagerando. Las armas de destrucción masiva que justificaban la intervención, aquellas armas que nuestro presidente de entonces nos juró que existían, aquellas que iban a ser usadas de forma inminente contra la humanidad, nunca fueron halladas. No existían. Después llegaron los crímenes de guerra, el asesinato de periodistas, protegidos por las leyes internacionales que rigen las guerras, los casos de torturas y los asesinatos indiscriminados de civiles por parte de tropas regulares o de mercenarios. Y después, cuando todo se derrumbó, los conflictos sectarios.
“No queda nada, casi todos mis amigos están muertos o se han ido, no hay nadie al otro lado del teléfono cuando marcas números de Irak, ya nadie deja las puertas de las casas abiertas, los teatros están vacíos, no hay música, solo hay miedo”. Así me hablaba hace unos años Jamal, un amigo bagdadí que ahora reside en Noruega. Jamal pasó por la cárcel de Abu Ghraib, sufrió en sus carnes la tortura y le ha costado mucho esfuerzo enterrar sus lágrimas para seguir adelante, para no derrumbarse cada día al recordar una vida que ya no volverá en un país que ya no existe. No era él un hombre afín al régimen, de hecho no se libró de las cárceles de Sadam, pero desde el primer momento se opuso a la entrada de tropas invasoras en su país. Hoy, en la distancia, Jamal trata de educar a sus dos hijos en el amor a un pueblo que ellos casi no recuerdan.
Han pasado diez años de la guerra de Irak, diez años del NO A LA GUERRA. Una redactora de EL PAÍS me ha pedido que hable de lo que supuso el activismo de aquellos años, qué relevancia tuvo la protesta que tantos ciudadanos llevamos a cabo en España. Pero me da pudor hablar de nosotros, no puedo evitarlo, no puedo dejar de pensar en ellos, que lo perdieron todo y que lo entregaron todo. En ellos, por quienes nos manifestábamos.
Con respecto a nosotros, solo puedo decir que mereció la pena. Una y mil veces mereció la pena. Uno no lucha por la justicia solo porque crea que tiene opciones de triunfar, sino precisamente porque cree que los motivos de la movilización son merecedores de esa lucha. Ganar no es la medida de lo digno, de lo noble, de lo justo. Solo diré que vencimos en dignidad, en dejar claro que el pueblo español, de forma mayoritaria, rechazaba la guerra.
Aquello permitió que hoy podamos mirarnos a la cara sabiendo que hicimos todo lo posible. Aquello tejió redes de solidaridad y de activismo que se mantienen a día de hoy, y supuso la mayor implicación en la vida pública de toda una generación, así como su despertar a la política. Y cuando digo política me refiero a la política, a la actitud que se preocupa por lo colectivo no en sentido partidista.
Aquello permitió a toda una generación aprender algo que hoy es más importante que nunca: la realidad la debemos configurar nosotros y no delegarla en otros cuyos intereses son muy distintos a los nuestros. La historia es lo que nosotros, con nuestra implicación y lucha, hacemos de ella y depende de nosotros cambiar las cosas. Si creen que estoy exagerando, simplemente háganse esta pregunta: ¿Qué pensarías de ti mismo si nunca hubieras gritado NO A LA GUERRA?
*Juan Diego Botto, actor, participó activamente en las movilizaciones contra la guerra de Irak.
No El País de hoje.

Rima e é verdade

Vale a pena dizer não,
coisa que Passos e Gaspar
nunca aprenderão




A notícia não o diz mas, entre os 36 votos contra, estiveram os 28 votos do AKEL, o partido comunista de Chipre.

Um livro estrangeiro por semana ( )

Um clássico e o seu

desenvolvimento espanhol





La CIA y la guerra fría cultural, de la periodista británica Frances Stonor Saunders (Debate, 2013) es una nueva edición del polémico libro publicado en el año 1999 y en el que su autora nos ofrece una investigación que duró más de 5 años y que muestra con todo lujo de detalles cómo la CIA “infiltró todos los nichos de la esfera cultural durante los años de la posguerra”. (600 págs,. 22,90 E.)





Según Arthur J. Schlesinger, el Congreso por la Libertad de la Cultura (1950-1967) representó la inversión más rentable, inteligente y exitosa de todos los gastos de la CIA. Como la principal organización-fachada de la Agencia en el campo de la cultura durante la Guerra Fría, este organismo consiguió una promoción muy eficaz, por camuflada, de ciertos valores afines a los objetivos de EE.UU. Esta obra constituye la primera aproximación desde la perspectiva hispánica a este capítulo clave de la posguerra. Partiendo de la revista Cuadernos del Congreso por la Libertad de la Cultura (1953-1965), publicación financiada por la CIA a través de la Fundación Fairfield, se recorre la acción ideológica del Congreso por la Libertad de la Cultura en América Latina y se analizan los «puentes» tendidos por este organismo hacia la disidencia en la España franquista. Este estudio reconstruye las historias de aquellos exiliados republicanos que en mayor medida contribuyeron a la campaña estadounidense en el ámbito de la cultura, establece las relaciones entre los procesos ideológicos hispánicos y universales, y reflexiona sobre la polémica cuestión de la financiación encubierta y la autonomía de la cultura en el contexto de la Guerra Fría. (376 pgs, 22 E)


Da vasta bibliografia de Olga Glondys consta o trabalho «Relaciones entre los comités español y portugués del Congreso por la Libertad de la Cultura en las postrimerías de las dictaduras ibéricas», en Actas del Congreso Internacional Sociedades en cambio: España y Portugal en los años setenta, CEFID (UAB), 15-16 de noviembre de 2012, que teria muito interesse em conhecer mas que infelizmente não encontro online.

19 março 2013

De verdade, já cansa

Planando olimpicamente
sobre um ninho de divergências



Como os leitores mais atentos terão reparado, vezes sem conta me tenho distanciado (melhor dizendo, tenho criticado) das muitas vozes que, de forma insistente mas sem contra-argumentar, movidas por preocupações e aspirações de cuja autenticidade e generosidade não quero duvidar, lançam apelos genéricos a uma «unidade» entre PS, PCP e BE para uma alternativa ao actual governo e à sua política, sempre fugindo nessas ocasiões a definirem qual é o seu posicionamento pessoal perante as conhecidas divergências e diferenças de orientação política que existem entre, grosso modo, de um lado, o PS e, do outro, o PCP e o BE.

Só para citar dois textos mais recentes, ainda no inicio deste mês, ou seja aqui em 1/3 e  aqui em 4/3, dirigi respectivamente ao Prof. André Freire e a José Vítor Malheiros um convite para que suprissem a lacuna que refiro no final do parágrafo anterior.

De passagem, devo entretanto referir que estas posições me gelam tanto mais os ossos quanto, puxando pela memória, encontro em algumas destas pessoas uma razoável coincidência entre as críticas que eu próprio tenho formulado em relação a opções estruturantes ou atitudes importantes do PS e as que eles também têm formulado.

Agora, sem novidade porque há muito que surfa esta onda, leio aqui este naco de prosa de Daniel Oliveira:


Face a isto, está na hora de estender o convite acima já  referido a Daniel Oliveira. Quanto mais não fosse pela sua profissão de comentador político, Daniel Oliveira tem todas as condições para reconstituir com detalhe e rigor quase todos os importantes temas, problemas, opções, questões e votações em que PCP e BE se diferenciaram do PS ou vice-versa. Por isso, aqui lhe apelo a que tenha a coragem clarificadora de nos contar a todos em quais é que concordou ou se sentiu mais próximo das posições assumidas pelo PCP e pelo BE e em quais é concordou ou se sentiu mais próximo das adoptadas pelo PS.

Por fim, também pela enésima vez, aqui venho espadeirar contra a sua insistente aplicação ao substantivo «alternativa» do adjectivo «credível» (que já tive ocasião de considerar absolutamente envenenado). De facto, nunca vejo estas pessoas explicarem o que significa neste âmbito o «credível». «Credível» como, aos olhos de quem e segundo que critérios ? É que, por certos padrões, as alternativas propostas pelo PCP ou pelo BE, a muitos olhos, nunca serão «credíveis» não por causa da real natureza das propostas mas pela noção de que sózinhos não chegam lá. Se fôr isso que estejam a pensar, os utilizadores do «credível» passem antes a trocar as coisas por miúdos e substituam esse adjectivo por «moderada» ou mesmo «muito moderada» que é a forma delicada de dizer que não devem pôr em causa as grandes opções e orientações até aqui seguidas pelo PS.

Estou francamente cansado de pregar no deserto. Se, como é provável, a avaliar pela experiência anterior, estes meus pacatos desafios continuarem a cair em saco roto, não voltarei a escrever nada de novo sobre o assunto, apenas, de cada vez que houver razão para isso,  republicarei este post até cansar o juízo de toda a gente.

Em luta contra os, além do mais, imbecis

Chipre: de mãos no ar mas
não em sinal de rendição




Outra viagem aos arquivos

Palavras antigas sobre um 
truque velho como a Sé de Braga

Ao ler, algo arrepiado, o recente
 "
Manifesto para a Democratização do Regime",
aqui e aqui comentado em alguns
 aspectos, e ao ouvir ontem na TVI 24
um dos seus promotores
(Henrique Neto, meu  estimável
companheiro  de luta  antifascista
 e dos primeiros tempos a seguir
 ao 25 de Abril),
lembrei-me que, como o
 tempo passa e novas gerações
 vão chegando à vida política,
 pode haver quem pense que as generalizações
 e amálgamas sobre a Assembleia da República
 e os deputados são derivas ou pulsões recentes.
E vai daí, e só a pensar nessas situações,
e mesmo sem ir buscar textos bastante
 mais antigos, lembrei-me que podia
ter alguma utilidade reproduzir
 a crónica que há 14 anos escrevi
no
Avante! e em que agora o
que menos interessa é o nome
da pessoa então circunstancialmente
visada, só interessando
 quando muito as observações
 por mim então formuladas.

Caprichos de uma pluma
(in Avante! de 17.12.98)

Ao lermos, no último «Expresso», a crónica que Clara Ferreira Alves escreveu sobre «Os Senhores Deputados», demos connosco a pensar que os autores de diatribes contra «a Assembleia» ou «os deputados» escrevem sempre, não apenas no pressuposto do sucesso fácil, mas sobretudo na certeza da dificuldade de alguém poder fazer a «defesa» da «Assembleia», isto é do órgão e de todas as suas decisões ou atitudes ou dos «deputados», isto é, de todos os deputados.
E isto porque a maior parte destes autores gostam muito de esquecer que a Assembleia da República é o único órgão de soberania de composição plural, pelo que, em geral, o seu pior e o seu melhor se ficam a dever, não tanto à instituição em si, mas às maiorias que nela se formam e às forças políticas que nela intervêm.

Entre outras coisas, pretexto à parte, o que impressiona na colecção de «clichés» tranquilamente repetidos pela cultíssima Clara Ferreira Alves é que ela não se tenha dado conta que quase tudo o que diz sobre a AR, longe de resultar de um esforço sério para saber quem faz o quê, como e em que circunstâncias, resulta sobretudo da «imagem» produzida pelos critérios que os «media» usam na cobertura dos trabalhos parlamentares.

E impressiona também que CFA acuse o discurso parlamentar de não pretender «alcançar mais do que o «soundbite» do telejornal e o subtítulo de jornal» e, quatro linhas à frente, já esteja a perguntar se «alguém se lembra, a propósito do aborto, da regionalização ou da famosa Europa, de uma frase, um sentido de voto,(...) determinados com clareza e sapiência na AR?», ou seja, já esteja no fundo a pedir mais e melhores «soundbites».

CFA nem sequer repara como seria cruel e injusto que alguém quisesse julgar as suas crónicas, em geral de indiscutível qualidade, com uma pergunta do género « alguém se lembra de alguma coisa inesquecível que, em 1998, tenha sido escrita na “Pluma Caprichosa”?»

Talvez Clara Ferreira Alves nunca o perceba ou nunca o reconheça, mas a sua crónica sobre «os senhores deputados» padece afinal da mesma superficialidade, da mesma demagogia e da mesma vacuidade que julga ter fustigado no que de pior ocorre de facto na vida parlamentar.

É que nós conhecemos um grupo parlamentar que, com apenas 13 deputados, consegue quase todos os anos ser o mais activo e o que apresenta um maior número de iniciativas legislativas. Nós conhecemos um grupo parlamentar, por sinal o mesmo, que honestamente ninguém poderá acusar de mergulhado na demagogia ou na «chalaça politiqueira» ou de passar o tempo «chupando os dentes de fome de poder», porque é incontestável que se alinha por assinaláveis padrões de seriedade e sobriedade e é bem conhecido por, quando muito, afiar os dentes por fome de justiça.

Conhecemos mas não dizemos o seu nome. Porque ficamos à espera que seja Clara Ferreira Alves a dizê-lo.E se e quando o fizer, terá dado então uma contribuição para punir o que merece ser punido e mudar o que precisa de ser mudado na vida política e parlamentar do país mil vezes superior à da sua cómoda crónica sobre «os senhores deputados» e à dos seus equivocados suspiros por «uma revisão completa do sistema eleitoral».

Uma bela iniciativa

É já no próximo sábado



Para ampliar imagem e ver composição
da Comissão Promotora desta sessão ir aqui.

18 março 2013

O prometido é devido ou...


 
 


Mesmo que alguns leitores pensem que estou a dar corda a uma iniciativa que se finou ou nasceu fanada e que a muitos leitores esta matéria apareça como muito técnica ou demasiado árida, é devida a interpelação que aqui prometi lançar aos autores de um Manifesto recente, num quadro de consideração por muitos dos seus subscritores e de lealdade no debate de ideias.

Nesse texto, cujas (a meu ver, lamentáveis) filosofia e pressupostos gerais não comentarei agora,  os seus subscritores pronunciam-se convictamente (sublinhado meu) «pela abertura da possibilidade de apresentação de  listas nominais, de cidadãos, em eleições para a Assembleia da República.  Igualmente, tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias».

Sobre as  mal chamadas «listas de cidadãos» já me pronunciei aqui sem que, passados alguns dias, isso - tanto quanto tenha reparado - tenha suscitado qualquer resposta ou crítica argumentadas.

É antes em torno daquele «tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias» que, a benefício da clareza e do sentido de responsabilidade nas intervenções públicas, entendo dirigir as seguintes perguntas aos autores do referido Manifesto:

1. O «voto nominal nas listas partidárias» significa o desaparecimento ou fim do boletim de voto relativamente simplificado que os eleitores portugueses usam desde há 38 anos e donde constam a denominação, sigla e símbolo de todas as forças concorrentes em cada círculo eleitoral e o respectivo quadradinho para votar ?

2. Se sim, isso significa que os eleitores levarão para a cabine de voto, para que não se perceba à vista desarmada onde vão votar, um conjunto de boletins de voto em que os partidos ou coligações figuram separadamente e de onde consta a lista completa dos candidatos (cerca de 50 no caso de Lisboa) que apresentaram àquele círculo ?

3. Se assim fôr, têm os autores da proposta boa consciência que a votação nominal nos candidatos, para além do seguro embaraçado causado em  centenas de milhar de votantes, representará certamente um não despiciendo acréscimo do tempo que demora exercer o direito de voto ?

4. Se definem essa votação nominal em candidatos como «obrigatória», significa isso que serão considerados nulos todos os votos de cidadãos que não tiverem gosto, paciência ou capacidade para o fazerem ? E têm alguma noção do que isso poderá significar nacionalmente em termos de percentagem de votos nulos ?

5. Se é a votação nominal nos candidatos que define quem vai ser eleito e determina a configuração dos grupos parlamentares, é esta proposta um convite subtil aos candidatos das diversas listas para que, além de fazerem campanha em contraste com candidatos de outras forças, também a façam em contraste com os seus companheiros de lista ?

6. Sabendo-se que os partidos de menor ou média representação parlamentar elegem num reduzido número de círculos, está-se a ter em conta que, por bambúrrio das «preferências» nominais dos eleitores, possa haver grupos parlamentares que não elegem um único economista ou um único jurista que reputavam essencial ao seu desempenho parlamentar ?

7. Porque é que o Manifesto fala do «voto nominal nas listas partidárias» em vez de falar só «nas listas» ? Foi um lapso esquisito de escrita ou pretende-se colocar as listas mal chamadas de «cidadãos» fora da votação nominal ?

8. No Manifesto afirma-se que « A Assembleia da República representa hoje sobretudo com honrosas excepções – um emprego garantido, conseguido por anos de  subserviência às direcções partidárias e de onde desapareceu a vontade de ajuizar e de controlar os actos dos governos»; suprindo as minhas imperdáveis insuficiência em matéria gramatical, será possível esclarecerem-me se o «honrosas excepções» abrange apenas o «emprego garantido» ou também o «de onde desapareceu a vontade de ajuizar e de controlar os actos dos governos» ?

Feitas as perguntas, apenas três observações complementares:

- a primeira é para lembrar ou informar que a chamada «personalização de candidaturas» é velha de um século pois no final do século XIX e no inicio do século XX outra coisa não havia e só tenho pena de não encontrar uma formosa citação de Jean Jaurés em que ele proclamava ser tempo de, nas eleições, mais do que às personalidades, dar um lugar central e decisivo às ideias e aos projectos políticos;

- a segunda é que convido os principais autores do Manifesto a responder a estas perguntas concretas e não a virem-me dizer que há outros países onde há sistema de voto personalizado;

- a terceira é para dizer que, evidentemente ninguém é obrigado a responder-me mas  eu também terei o direito de, nesse caso, tirar, a seu tempo, algumas conclusões.