31 dezembro 2012

De novo com os «Pink Martini»

Brindemos à esperança,
às convicções e à luta !




Lamento não saber responder

E não podemos passar já para .... ?



Não, não podemos e, mesmo que pudessemos saltar 2013, não sei de quem possa garantir que número colocar em vez do ponto de interrogação. Porque, e esse é o ponto essencial, o que os portugueses e o país estão a sofrer não é uma tempestade ou mesmo furacão destruidor de curta duração, antes é um programa fria e deliberadamente premeditado para promover um duradouro e trágico retrocesso social e económico e um processo de empobrecimento colectivo (repito outra vez sem temor: o mais súbito dos últimos 80 anos !) na sociedade portuguesa. E por isso, neste dia, só me cabe, homenagear todos e todas os e as que lutaram em 2012 e dizer que não outro caminho para que, em vez do ponto de interrogação, conquistemos o número mais baixo que for possível (de preferência o 3).
15 de Setembro

 
29 de Setembro

Velhos são os trapos ou...

... o meu filme de 2012



É certo que vi muito poucos mas, quero lá saber,
Amor de Michel Haneke é o meu filme de 2012.
Um filme com duas interpretações sublimes
de Jean-Louis Trintignan e Imanuelle Riva,
um filme que magoa os olhos e a alma
mas os torna mais límpidos e sensíveis,
um filme absolutamente não recomendável
para os que julgarem que vão ser
eternamente jovens e belos.

29 dezembro 2012

Porque hoje é sábado (306)

Carla Morrison
A sugestão musical de hoje distingue
a cantora mexicana Carla Morrison




Conselho ao «Pedro e Laura»

Tantos assessores e
nenhum lhes explica ...
Pedro e Laura

... que, quando as coisas estão no ponto a que chegaram, melhor seria ficarem caladinhos e quietos.

28 dezembro 2012

Calma, muita calma

Já falta pouco !


 manchete do CM de hoje

Uma fonte do Ministério das Finanças confirmou ao JdA que está já em fase adiantada o estudo da preparação para 2013 da privatização das Berlengas (para resort turístico) e de cerca de um terço das praias portuguesas.. Esta fonte fez questão de precisar que, por força de limitações constitucionais, não se tratará de um ponto de vista técnico de um privatizações mas sim de «concessões» que, por razões de rentabilidade para os futuros investidores, possivelmente terão de ser pelo prazo de 50 anos. Aquela fonte acrescentou também que com estas medidas, o Estado deverá vir a encaixar 1.500 milhões de dólares.


 PARTE II
Organização económica

TÍTULO I
Princípios gerais


Artigo 80.º

Princípios fundamentais
A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:
a) Subordinação do poder económico ao poder político democrático;

b) Coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;

c) Liberdade de iniciativa e de organização empresarial no âmbito de uma economia mista;
d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo;
e) Planeamento democrático do desenvolvimento económico e social;
f) Protecção do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;
g) Participação das organizações representativas dos trabalhadores e das organizações representativas das actividades económicas na definição das principais medidas económicas e sociais.

Nada de populismos !

Vá lá, não sejam invejosos

Sim, por favor estimados leitores, face a esta manchete do DN, não cedam à onda populista soprada pela esquerda arqueológica e demagógica sempre pronta a promover sentimentos colectivos de inveja em relação aos que não só têm incomparável mérito pessoal como, em boa verdade, são as principais alavancas da criação de riqueza nacional e portanto beneficiam todos os portugueses.
E, também por favor, não se fixem nos elevados milhões auferidos porque, como todos sabemos ou podemos calcular, para cada nível de rendimentos cada nível de despesas ou encargos ( (no caso, três carros, casa própria na cidade e na praia e ainda um monte alentejano, filhos  a estudar nos EUA, férias nas Maldivas e em Aspen, etc., etc.).
Reparem sim que estes esforçados gestores apenas tiveram um miserável aumento de 4% enquanto pensionistas, reformados, trabalhadores do sector privado e do público tiveram em 2012 aumentos salariais médios de 10%.
E, outra vez por favor, nunca esqueçam que a harmonia entre as classes sociais é um pilar fundamental da nossa sociedade.

27 dezembro 2012

Lá como cá

O papel e o teleponto aguentam tudo

No El País de 26, lá vinha naturalmente uma página inteira dedicada ao discurso de Natal do Rei de Espanha, Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias.  O jornal regista como lhe compete o cuidado look que «a poderosa equipa de comunicação» da Casa Real aplicou a esta comunicação: o rei encostado à frente da secretária, fotos (a da caçada do Botswana não) e livros cuidadosamente escolhidos (a Constituição, of course). E eu, pelas largas citações do jornal espanhol, registei, a qualidade literária e criativa do discurso (chapeau, senhores ghost writers), mesmo que lá estivessem a cansadíssima milonga de que «a austeridade e crescimento devem ser compatíveis» (digam-se uma caso nas últimas décadas) e a agora muito moderna reivindicação do regresso da «grande política» (como se a economia e as finanças que temos não fossem as expressões de uma certa política).

Entretanto, acontece que, segundo o El País, preferiu «falta de trabalho» a «desemprego», e, entre muito mais coisas, não falou dos desepejos nem da Catalunha. O que, embora a anos-luz do brilho dos redactores do dircurso do Rei, me leva a inventar uma nova máxima: «diz-me do que não falas ou não falas suficientemente e dir-te-ei com o que me pretendes anestesiar e endrominar.»

E, para fechar, fiquem com a crónica de Maruja Torres no El País de hoje dedicada precisamente aos «discursos»:

Las Felices Fiestas suelen presentar territorios peligrosos, minados por polvorones y parientes no deseados, así como por la modalidad discurso de racimo, arma tediosamente letal que multiplica sus efectos soporíferos cuando, después, los medios dan en destripar, desde cualquier ángulo, la redundante palabrería. Los discursos son jerárquicos, de tal modo que el señor Rajoy, respetuoso con el Rey y el Papa, ha tenido el detalle de colocar su deposición el Día de los Inocentes, lo cual me parece de lo más propio pues, cuando incumpla lo que prometerá en tal fecha —si es que resulta inteligible que promete algo— podrá aducir que se trataba de la típica inocentada, como cuanto lleva dicho en su año de mandato.

Siempre que se produce un evento de este tipo y, en especial, cuando el orador es del más alto fuste, viene a mi mente esa biblia laica de consulta permanente —debería hallarse en todas las mesitas de noche y emitirse en todos los colegios, desde la enseñanza primaria— titulada La vida de Brian. Creo que tanto el Rey como el Pontífice y el presidente del Gobierno, y asimismo los mandatarios autonómicos, los alcaldes y el caso Botella, deberían visionar la secuencia del Sermón de la Montaña, en versión Monty Python, antes de currarse los ensayos.
¿Que dice qué? ¿Qué panes? ¿Qué peces? ¡Más claro, que no se entiende! Tales podrían ser las quejas de nosotros los ciudadanos —o quizá súbditos— cuando ejercemos de Brian y su madre. Confieso que la mayoría de las veces, como ellos, al final prefiero la lapidación. Es más honrada. Que te turren a retórica con lo que tenemos encima me parece una muestra de impotencia, y de querer salvar el cuello, patética y lamentable.
Me horroriza pensar que no solo ya no quedan actores como antes. Además, han muerto los guionistas.

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P.S.: Os defensores da política do governo andam radiantes com o chamado caso «Baptista da Silva.» Eu não posso ter simpatia por aldabrões (mesmo que também digam coisas certas) mas quero declarar para a acta que, desculpem lá, há em Portugal aldrabões que fazem um milhão de vezes pior ao país do que Artur Baptista da Silva.

26 dezembro 2012

Armas nos EUA

Depois dos «maus», 
é tempo de falar dos «bons»



aqui

Depois de, a respeito do massacre de Newton, ter «atirado» sobre a National Rifle Association, é justo chamar agora a atenção para o Brady Center to Prevent Gun Violence, organização  que acaba de lembrar a toda a gente quantas pessoas já morreram vítimas do uso de armas depois de Newton.


aqui

25 dezembro 2012

Ofensa à cristandade

Transformar o dia
de Natal no 1 de Abril





Relembrando apenas  o último parágrafo deste post, basta-me escrever que, quando o abismo entre as palavras e a realidade é tão chocante, manifesto e escandaloso, uma pessoa até pode dispensar qualquer comentário.

24 dezembro 2012

Canções de Natal por

Harry Belafonte 
e The Beach Boys







Mary’s Boy Child





Little Saint Nick

Nobel da Economia 2013 ?

Grandes águias: aumentar os impostos
e conseguir baixar as receitas fiscais !

Gaspar, (não, o gato do Honório Novo está inocente), bem podes rasgar o canudo !

O cronista clown (sem ofensa para a profissão)

Mais uma do eremita rezingão


Na sua crónica de ontem no blico, a propósito da Constituição e das condições em que foi elaborada, entre outras «tropelias» do PREC, Vasco Pulido Valente citava «o cerco ao Parlamento» e eu estoicamente resisti à tentação de perguntar pela 224ª vez se alguém me encontra nas fotos da época algum pano ou cartaz da manifestação dos trabalhadores  da construção civil que seja relativo à elaboração da Constituição ou se alguém me mostra um recorte da época onde sejam relatadas as reivindicações que esses trabalhadores dirigiram ao Presidente da Assembleia Constituinte ou aos seus deputados.

Hoje, na sua crónica, o eremita rezingão de Benfica dedica-se à cultura e sentencia, sem apelo nem agravo que «durante trinta anos de absoluta liberdade,  não apareceram "actividades culturais" de qualidade e consequência» e que «em 2012, continua a não haver cinema, teatro, dança, ballet e tudo o resto», além do mais assim ofendendo não apenas a verdade mas insultando centenas e centenas de animadores e criadores culturais e artistas das mais diversas áreas.

É claro que VPV é mais antigo mas não sei se os leitores se lembram que há uns anos esteve na moda um economista chamado Arroja que conseguia ser lido precisamente pelo seu soberbo espectáculo de parvoíce e reaccionarismo. Pois VPV é uma espécie de Arroja para todos os assuntos. É certo que continua a ser muito lido mas, como eu, desconfio que muitos já o lêem como uma espécie de clown da crónica de imprensa.

Generoso por feição, tendo sempre a pensar que Vasco Pulido Valente é daqueles cidadãos que, desde muito cedo, criaram um personagem e depois ficaram para todo o sempre prisioneiras dele.

22 dezembro 2012

Porque hoje é sábado ( 304 )

Blouse

A sugestão musical de hoje destaca
a banda norte-americana Blouse



21 dezembro 2012

Tudo esclarecido

Relvas explica comunicação de ontem


Lusa, Lisboa, 21.12.2012, 14 hs.: - Em comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, o ministro Adjunto Miguel Relvas explica a comunicação ao país ontem feita por Pedro Passos Coelho sobre «o fim do mundo» no dia de hoje. É o seguinte o teor integral do comunicado:

1. Obviamente sem necessidade de esperar pelo final do dia, o governo entende pedir desculpa aos portugueses pelos efeitos da comunicação ontem feita pelo primeiro-ministro e deplora profundamente o alarme e inquietação que possa ter causado na sociedade portuguesa.

2. O governo lamenta de forma especialmente sofrida a vaga de suicídios verificada, regista entre a dor e o reconhecimento que, segundo as informações disponíveis, a maioria deles foi provocada não pela ideia do fim do mundo mas sim do fim deste governo e anuncia que, em próxima reunião de Conselho de Ministros aprovará um sistema de pensões ou indemnizações extraordinárias para os familiares destes cidadãos.

3. A verdade é que o governo em conjunto e cada ministro individualmente nunca acreditaram  que o mundo acabasse hoje, até porque sabiam que, no mais mundialmente reputado ensaio histórico-antropológico sobre aquela extinta civilização, - da autoria do português Eça de Queiroz e precisamente intitulada Os Maias - não consta qualquer referência àquela previsão do fim do mundo para o dia hoje.

4. Acontece porém que o governo entendeu que, face a uma opinião pública compreensivelmente descontente e irritada com as fortes medidas de austeridade impostas por razões de salvação e regeneração nacionais, a questão do alegadamente iminente fim do mundo representava uma oportunidade de ouro para que pelo menos a maioria da população pudesse relativizar melhor as coisas, isto é, intuísse e compreendesse que afinal há cenários e perspectivas muitíssimo piores e mais dramáticos.

5. Os mais empedernidos e sectários adversários  do governo dirão natural e certamente que o mundo não acabou mas o governo continuará  a transformar a vida dos portugueses num ardente inferno. Mas agora está muito mais consolidado e ancorado no sentimento colectivo que entre uma coisa e outra vai uma abissal diferença e que a necessária austeridade é, apesar de tudo e por comparação com o fim do mundo, o mais ínfimo dos males.

Eurobarómetro 78

A opinião pública europeia
na preocupação, desconfiança e temor

Acaba de ser publicado o Eurobarómetro nº 78 com trabalhos de campo realizados em Novembro e que pode ser consultado aqui. Alguns quadros:
(
(clicar nas imagens para aumentar)
 azul - má, amarelo - na mesma, vermelho - pior

 









20 dezembro 2012

Em conferência de imprensa inesperada

Passos Coelho surpreende
Portugal, a Europa e o Mundo

Lusa, Lisboa, 20.12.2012, 14 hs. - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, surpreendeu hoje o país, a Europa e o Mundo (a CNN fez um «Breaking News» sobre o assunto) ao declarar em conferência de imprensa (sem direito a perguntas) em que estava acompanhado por todo o governo, o seguinte :

« Portugueses e portuguesas:

Antes não o podíamos fazer mas hoje é chegado o momento de vos comunicar que todas as medidas, aliás injustamente criticadas, inscritas no Orçamento de Estado para 2013 se destinaram apenas a enganar a troika e os mercados por umas semanas pois o meu governo sempre teve a firme e sólida convicção de que o mundo acabará amanhã, dia 21 de Dezembro de 2012.

Como alguns queriam e reclamavam, vamo-nos portanto embora mas ninguém se ficará a rir por vos levamos a todos connosco.

Obrigado e até outro mundo noutro tempo.»

Contactados pela Lusa, o Presidente da República declarou estar «a ponderar atentamente a situação criada» e informou já ter pedido com fulminante urgência vários pareceres a diversos constitucionalistas; de Bruxelas, José Manuel Durão Barroso declarou que «mesmo que o mundo acabe amanhã, isso não muda o facto de o governo português estar a fazer um excelente trabalho e que Portugal continuará com grandes potencialidades na captação de investimento alienigena»; por sua vez, o líder da oposição, António José Seguro declarou estar-se perante mais uma prova da «irresponsabilidade e incompetência do governo pois este, fazendo orelhas moucas às sugestões do PS, não mandou construir uma abrigo anti-fim do mundo por forma a poder concluir o seu mandato até ao fim»; em Washington, Hilary Clinton declarou dever estar-se perante uma «precipitação» pois «mesmo que os EUA passassem a exportar maciçamente matanças de crianças e de jovens em escolas, seriam preciso muitos milhares de anos para exterminar toda a população mundial». Por fim, Abebe Selassie, do FMI, declarou secamente «a ver vamos».

19 dezembro 2012

Readaptando Clausewitz

Business as usual 


Albright com Thaçi, o então lider da UÇK
e agora primeiro-ministro do Kosovo.

Na página 28 da sua edição de hoje , o DN, titula que  «Equipa de Clinton faz negócios no Kosovo» e faz um resumo dos principais protagonistas destes negócios, 13 anos depois dos bombardeamentos americanos daquele território então reconhecido pela ONU com parte integrante da Jugoslávia.

São eles:

- Madeleine Albright : ex- secretária de Estado dos Estados Unidos durante a Administração de Bill Clinton, Albright lidera um consórcio (que inclui a Portugal Telecom) que quer comprar a empresa de comunicações kosovar PTK;

- Wesley Clark : ex-comandante supremo das forças alçidas da NATO no período entre 1997 e 2000, Clark liderou os bombardeamentos que expulsaram as forças sérvia´s do Kosovo. A sua empresa, a Endivity, quer uma concessão para para explorar carvão;

- James W. Pardew : ex-enviado especial de Bill Clinton para os Balcãs, James W. Pardew também está na corrida para a compra da PTK, sendo o maior rival no negócio do consórcio liderado pela ex-secretária Madeleine Albright.

Dizia Clausewitz que «a política é a continuação da guerra por outros meios». Talvez seja agora tempo de descobrirmos que «os negócios são a continuação da guerra por outros meios» ou vice-versa, como queiram.

18 dezembro 2012

Passos Coelho e as «reformas milionárias»

Voltando à vaca fria, 
talvez contra a corrente


Anotando de passagem que, a respeito de pensões e reformas, Passos Coelho leva hoje pró tabaco de Bagão Félix em artigo no Público, volto ao assunto para declarar para a acta :


1. Que estas referências, seja de Passos Coelho seja desta manchete do CM de hoje, às «reformas milionárias», sendo de efeito fácil e talvez de êxito garantido, são de um populismo atroz e completamente falhas de rigor; com efeito, chamar «milionárias» a reformas acima dos cinco mil euros (ou 1353, noutras versões discursivas) é, além do mais, um clamoroso atentado à semântica e à língua portuguesa; é que «milionário» não tem que ver com mil pois até num velhíssimo e amarelecido Dicionário Complementar da Língua Portuguesa que tenho aqui à mão (edição de 1948!) se explica que «milionário» quer dizer «que, ou quem tem milhões» e que a palavra deriva da palavra em latim milione (milhão).

2. Que nem a minha inserção (aqui referida) no grupo de reformados «privilegiados» nem sequer o facto de ter sido uma das muitas vítimas da quebra por parte do governo Sócrates do compromisso (lembram-se ?) de que o cálculo das reformas com base em toda a carreira contributiva só começaria em 2017 me faz alinhar neste truque de meter tudo no mesmo saco ou de alvejar uns milhares como forma de fazer esquecer as agressões praticadas contra cerca de 2 milhões de reformados.

3. Que não tenho nada, mas nada, a objectar a que haja pessoas que aufiram reformas superiores a cinco mil euros se elas corresponderem ao que lhes é devido pelas contribuições que fizeram e pela duração das respectivas carreiras contributivas. E aproveito para lembrar que não foi certamente por amor à segurança social pública que várias governos muito ensaiaram o empurrar obrigatoriamente  estes contribuintes para sistemas privados; o problema chave e a gritante imoralidade estão sim em todos aqueles casos de pessoas que, graças a sistemas especiais e diferenciados de reforma, conseguiram obter o que a generalidade dos portugueses obviamente não conseguiu nem conseguirá: ou seja, ter duas ou três reformas com duas ou três diferentes origens e, entre estes se inclui o caso ainda mais escandaloso dos Mira Amarais e outros que ficaram com reformas vultuosas só por terem estado uns anitos na CGD ou no Banco de Portugal.

4.Que foi com base nestes príncipios agora reexpostos que, ao contrário de tanta gente de esquerda, tive a coragem de oportunamente sustentar duas coisas a respeito de Cavaco Silva: a primeira é que  nesse caso a questão não está em ter optado pelas reformas em vez do vencimento de PR mas sim no facto de ele ser um dos abençoados que conseguiram somar três reformas; e a segunda é que não me chocaria nada que acumulasse uma reforma normal (isto é, de um única fonte) com o vencimento de PR, dado que não vejo nem qualquer justiça nem nada de glorioso em que Portugal tenha um Presidente da República que trabalha pro bono.

17 dezembro 2012

Manobra de diversão

Pronto, já estou
convencido  e mais descansado


Como Passos Coelho agora tirou da cartola a ideia de que a grande guerra do seu governo é com os que têm pensões acima dos 5 mil euros (907 pessoas), eu vou fazer de conta de que nunca li nada sobre os cortes nas pensões e reformas por diversas vias  e até ao dia 1 de Janeiro, a favor do abençoado Natal, vou mergulhar na ilusão de que pertenço ao grupo dos 155.943 felizardos que têm reformas entre 500 e 1000 euros (ou seja, de acordo com as parvoíces circulantes, classe média concerteza, ora essa).

National Rifle Association ou...

... os que continuam
a dormir que nem anjos




Nada tira o sono ou atormenta a consciência dos dirigentes da americana National Rifle Association,  o poderosíssimo lobby pró-armas (incluindo de assalto!) dos EUA:  Sandy Hook Elementary School (14/12/2012),Oikos University, Cardon High School, Virginia Politechinic Institute,  West Nickel Mines, School, Red Lake High School, Campbell County CHS, Santana High School, Columbine High School, Thurston High School (só neste conjunto de matanças, 128 mortos !).

E o estuporado, cínico e repugnante argumento é sempre o mesmo:coitadinhas das armas (e do seu comércio) que não disparam sózinhas !.

Uma defesa que enterra

O Vasco e a Jonet


Comentando o último Quadratura do Círculo onde esteve em discussão uma nova afirmação de Isabel Jonet de que prefere a caridade ao Estado Social, Vasco Pulido Valente desembainha hoje no Público a espada em extremada defesa da senhora. Ora acontece que, para esmagar os índigenas, VPV sentencia que se os comentadores da Quadratura se tivessem dado ao trabalho de ir ao site do Banco Alimentar logo descobririam que ele não aspira a ser senão «uma resposta necessária mas provisória» a uma situação desesperada, porque o Estado deve garantir a qualquer pessoa «um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar,  principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica.» 

Resumindo e concluindo: o sagaz Vasco Pulido Valente não se deu conta de que, no seu afã de defender a sua dama, nos veio afinal contar e revelar que o Banco Alimentar contra a Fome é dirigido por uma pessoa que tem concepções antagónicas em relação aos príncipios fundamentais da organização que dirige.

Estejam certos

Para o ano há mais


manifestação da CGTP ontem em Lisboa

Por uma vez

Estou inteiramente de acordo

O ministro José Pedro Aguiar Branco, e entrevista ao Público, faz hoje a seguinte declaração:

"Não podemos esquecer que
 o que o governo fizer nos
próximos meses vai marcar
o que o país será
nas próximas décadas"

Por uma vez, estou 1oo% de acordo. Só que acrescento: é por isso mesmo que a sua demissão é uma prementíssima urgência nacional.

15 dezembro 2012

Porque hoje é sábado (303)

Show of Hands

A sugestão musical de hoje é dedicada

 à prestigiada banda de folk inglesa
 Show of Hands
.



Esta canção foi abusivamente apropriada pelo
Brittish National Party para um anúncio televisivo,
Show of Hand moveu-lhe um processo que ganhou
 e integra o movimento
Folk Against Fascism

14 dezembro 2012

Bolas !

Não há meio de aprenderem !


Em artigo hoje no Público, obviamente recheado de invocações e citações de Edmund Burke e Alexis de Tocqueville, José Manuel Fernandes resolveu dar como boa a recente afirmação de Abebe Selassie de que «Portugal é um dos países que mais gasta com pensões» ( embora o próprio reconheça que, simultaneamente «tem uma das proporções  maiores de idosos em risco de pobreza»).

Mais à frente, torna-se patente que José Manuel Fernandes alude indiferenciadamente a «despesas sociais» e a «prestações sociais», que não são exactamente a mesma coisa, e atira tudo isso para despesas ou encargos do Estado.

Por isso, embora com algum cansaço para alguns leitores,  volta a ser necessário explicar a tanta gente que escreve nos jornais e fala nas televisões  que grande parte das prestações  sociais (pensões, reformas, abono de família, subsídios de doença, de funeral e de desemprego, designadamente) não são pagas com os impostos cobrados aos cidadãos mas sim pelo Orçamento da segurança Social com recurso ao acumulado dos descontos dos trabalhadores e das entidades patronais.

Esta verdade e esta regra têm natural e justamente excepções já que é o Orçamento de Estado e os impostos cobrados que suportam os encargos, por exemplo, com os regimes não contributivos, o que acontece desde que, em boa hora, se pôs fim a uma prática de 10 anos de cavaquismo que se calcula ter prejudicado a segurança social em cerca de mil milhões de contos.

Já vem de longe esta concepção ou percepção de que as pensões e reformas seriam uma benesse do Estado para o que, ao contrário do que sucede noutros países europeus, em muito terá contribuido, em Portugal ter sido sempre relativamente fraca a consciência de que a segurança social é sobretudo um património comum dos trabalhadores.

E só aquela erradíssima concepção poderá explicar o facto ainda hoje muito pouco conhecido de um Orçamento de Estado anterior (o de 2013 deve ter mantido isso), em puro contrabando legislativo, ter legislado no sentido de que os reformados da segurança social se porventura recebessem qualquer tipo de remuneração de entidades públicas teriam de optar por uma delas - a reforma ou a remuneração, o que na maioria dos casos, significariam trabalharem, de forma esporádica ou continuada,  à borla para qualquer entidade pública.

O desconchavo desta disposição fica bem à vista se se perceber que um aposentado pela Caixa Geral de Aposentações pode auferir o que quiser de entidades privadas mas já um reformado da segurança social mesmo que, como eu, tenha 42 anos de carreira contributiva no sector privado, já não pode acumular a sua reforma nem com um cêntimo recebido por qualquer trabalho prestado a uma entidade pública.

Ora isto, ofende manifestamente, dois princípios que deviam ser sagrados: o primeiro é que a reforma, desde que reunidos os exigidos requisitos legais, é um direito adquirido e não uma proibição de continuar a trabalhar, se essa for a vontade dos cidadãos em causa; a segunda é que o trabalho de qualquer tipo deve ser remunerado.

E, por causa disto, certamente que poucos leitores o saberão,
houve cidadãos que ou deixaram de fazer qualificados programas para a RDP ou de nela participarem em termos de comentário político ou então, em bofetada de luva branca continuam hoje a gastar tempo, esforços e trabalho não despiciendos para os manter não recebendo um cêntimo sequer por isso e inevitavelmente ainda gastando algum do seu bolso.

13 dezembro 2012

Lá chegaremos

Nada de confusões, esta
manchete não está escrita em grego



Sob o título «Sem remédios há três dias», a notícia respectiva explica também que «os doentes com paramiloidose, a doença dos pézinhos, estão sem tomar a medicação há 3 dias e o problçema vai manter-se até ao ínicio da próxima semana. Estes doentes são seguidos no Centro Hospitalar do Porto».