05 agosto 2014

Confiando no sentido de ironia dos leitores


«Os signatários, todos cidadãos com uma apreciável e por vezes longa intervenção na vida pública designadamente na defesa da economia de mercado e em oposição a intervenções do Estado que lesem o direito fundamental à propriedade privada, não podem deixar de manifestar a sua incredulidade e até indignação com os recentes desenvolvimentos verificados a propósito da situação do BES.

Com efeito, entre outras estranhas coisas, acabam de descobrir que o Banco de Portugal, obviamente espaldado na opinião do governo, pode impôr um Presidente para um banco, afastar gestores sem conclusão de qualquer inquériito ou processo legal, criar um novo banco e transferir para outro já existente alegados activos tóxicos, e tudo isto sem que tenha reunido qualquer Assembleia-Geral de accionistas que, à face da lei, são os legítimos e insubstituiveis titulares de direitos de propriedade sobre o BES.

Os signatários entendem recordar a este propósito que até o nefando e horrível gonçalvismo se deu ao cuidado de primeiro nacionalizar a banca e só depois adoptar as regras e procedimentos que, à época, entendeu convenientes.

Os signatários expressam por fim a sua firme convicção de que há nas decisões do Banco de Portugal e do governo matéria susceptível de eficaz impugnação jurídica com vista ao restabelecimento de principios essenciais do Estado de Direito e da confiança na economia de mercado. »

6 comentários:

  1. Bem dito! A brincar, a brincar...
    É o tal "Estado de Direito" que se contorce de acordo com os interesses em causa ...
    E neste caso, de bancos novos e velhos, não tenho dúvida que haverá alguém que já fez ou vai fazer excelentes negócios...

    ResponderEliminar
  2. Compreendo muito bem a ironia, que prova bem quanto as pessoas andam enganadas.

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  3. Uma vez mais comprovada a atracção fatal dos portugueses pela esquerda colectivista, a que a estricta direita ultraliberal (?), ela própria, não consegue furtar-se. É o fado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pelo vistos, já temos um primeiro signatário para o manifesto que não saiu.

      Eliminar
    2. Ainda por cima bem assinalada, desta vez, a ironia em antetítulo,

      Eliminar