18 janeiro 2013

Vale tudo até tirar olhos

Mais um truque de 
José Manuel Fernandes


Em mais um daqueles seus artigos miltonfriedmanianos que deixam uma pessoa doente só de ver uma tão desavergonhada  quanta olímpica indiferença perante tristes realidades sociais portuguesas que são ostensivas e notórias, José Manuel Fernandes, criticando o actual sistema de pensões (que, como outros, qualifica como «despesa do Estado» como se saíssem dos impostos em vez de, como acontece, saírem principalmente das contribuições dos trabalhadores e das empresas), consegue escrever que «manteve uma enorme diferença entre as regalias dos trabalhadores do sector privado e os que beneficiam da Caixa Geral de Aposentações. Basta dizer que a pensão média da CGA  é três vezes mais elevada que a pensão média no regime geral apesar de os trabalhadores da função pública se reformarem,  em média,mais cedo.»

Acontece porém que comparações destas não se podem fazer apenas com base nos elementos adiantados por J.M.F. porque lhe faltam dois que são essenciais e que ele esconde completamente, ou seja o ter em conta as remunerações médias superiores na função pública (e os correspondentes descontos também superiores) e a duração das respectivas carreiras contributivas médias.

A este respeito, só posso jurar que, da última vez que li algo sobre o assunto, se falava de uma carreira contributiva média na função pública de cerca de 40 anos e no sector privado de uma carreira contributiva média de cerca de 27 anos, dado este que aliás me deixou de boca aberta por já terem passado trinta e tal anos sobre a verdadeira generalização da segurança social que foi obra do 25 de Abril.  Mas este meu espanto sobre os 27 anos foi depois atenuado porque me lembrei  de como as vultuosas e acumuladas dívidas das empresas à segurança social (que inclui dinheiro descontado pelos trabalhadores) pode ter afectado injusta e gravemente as suas carreiras contributivas. E se ainda não há, ora aqui está um estudo que bem era preciso fazer.


4 comentários:

  1. A generalidade dos trabalhadores da administração pública antes do 25 de abril não tinha nem direito à aposentação nem à segurança social na matermidade ou na saúde. E o elevado nível do valor médio das reformas na administração central é resultante de esta ter maior nº de trabalhadores com cursos su+eriores que o sector privado, designadamente por causa dos sectores da saúde e da educação

    Mas já as reformas dos sectores operário e auxiliuar são baixas, ant mais que os níveis salarias são ou eram em regra inferiores aos do sector privado.

    Um dos problemas da administração locasl onde o peso dos trabalhadores com curso superior é inferioir ao da central é o dos baixos salários de todos os grupos p+rofissionais que dificulta o recrutamento e permanência de traalhadores qualificados do ponto de vista técnico e profissional.

    E já nem funciona o estafado argumento que s tabalhadores da administração pública têm contratos vitalícios, após a introdução e alargamento do regime de contrato individual de trabalho aliás sem a contrapartida para os outros do subsídio de desemprego

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  2. Eu compreendo que não possa deixar passar em branco a verborreia do sr. fernandes, mas confesso que, para mim, é só mais um para quem já não tenho paciência, mais um regorgitador de mentiras feitas inverdades e transformadas em letras mortas pelos sabujos de serviço à idologia dominante.

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  3. A diferença de duração entre as carreiras também se deveu ao elevado nível de precariedade, a começar desde logo pelo trabalho sem contrato formal ou sem descontos para a segurança social, entremeada, em muitos casos pessoais, por períodos mais ou menos prolongados de desemprego.

    Outro dos factores decisivos para a diferença nos valores das pensões entre os dois sectores foram as remunerações superiores do sector público, que reflectiam naturalmente o nível médio bastante mais elevado das habilitações e qualificações.

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  4. Se há realmente alguma diferença, para melhor, nas remunerações e pensões na função pública, isso deve-se ao 25 de ABRIL e,em particular, a Vasco Gonçalves e governos
    da época.
    Os tempos de desconto também contam muito e, na função pública, não havia maneira de fugir.
    Mas a privatização de tudo é para onde caminha esta política imperialista em quase todo o mundo. Portanto há que atacar a função pública!!!

    Um beijo.

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