22 setembro 2011

Pois, pois, em 2016 ...

Previsões à Lagarde(re)


No Público de hoje, uma desenvolvida notícia arranca assim: «Em 2016, já não vamos ser o país da União Europeia  que vai crescer menos, nem teremos o pior défice orçamental dos 27 países da região. O Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra-se confiante nos resultados do programa de ajuda externa e, nas suas novas previsões, coloca Portugal a crescer mais que a Alemanha e várias outras economias europeias daqui por cinco anos. Mas nem assim o país conseguirá recuperar os postos de trabalho perdidos durante a crise financeira e económica de 2008-2009 e durante a crise da dívida actual.»

E depois de ter listo isto, só tenho vontade de desabafar assim:
1. Não seria melhor o FMI e outras instituições internacionais deixarem-se de tantas previsões que, pelo menos desde 2007, têm tido falhanços tão espectaculares, sempre explicados pelos surpreendentes humores dos «mercados» e pela sua extrema volatilidade ?
2. Imaginarão a srª Lagarde e outros génios da economia mundial que os portugueses que deitam diariamente contas à sua amarga vida e nunca viram o mês sobrar tanto e os salários chegarem tão pouco esboçam ao menos um meio-sorriso de esperança ou consolação quando lhe vêm dizer que daqui por cinco anos (6o meses) Portugal vai crescer mais que a Alemanha ? (e mesmo que assim viesse a ser, qual seria o excepcional significado disso tendo em conta que Portugal partiria de um ponto muito baixo ?).
3. Se a gente como a srª Lagarde e o pessoal do FMI & Cia. restasse um pingo de humanismo deviam então era reconhecer a estupidez e a barbaridade destas receitas que trazem no seu bojo a radiosa promessa de que, nem daqui por 5 anos, recuperaremos os níveis de emprego anteriores à crise.
4. Por fim, porque raio é que havemos de levar a sério as previsões do FMI, do BCE, da UE e tutti quanti se estas instituições não quiseram propositadamente levar a sério as advertências e previsões de tantos respeitados economistas e institutos que, logo no Inverno de 2007, avisasram que, a seguir, viria aí uma coisa chamada «crise das dívidas soberanas» e caracterizaram como «sistémica» aquela crise nascente, coisa que Durão Barroso demorou quatro anos a descobrir ?


E pronto, agora vou ali ao Prof. Karamba e já volto.

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